RESUMOEm função da relevância da transmissão na estruturação do sujeito do inconsciente, o presente artigo propõe uma articulação entre a noção de transmissão psíquica e o conceito de "Nome-do-Pai". Para atingir tal proposta, inicialmente, será feita uma reflexão sobre o complexo de Édipo, em Freud, culminando na formação do Superego. Em seguida, será apresentada a questão do Édipo para Lacan e a metáfora paterna, onde Lacan propõe uma concepção da função do pai no complexo de Édipo. Por fim, será abordada a inscrição do "Nome-do-Pai" e a introdução do significante do pai como uma ordenação na linhagem e na série das sucessivas gerações.Palavras-chave: transmissão; complexo de Édipo; superego; Nome-do-Pai.
ABSTRACT Transmission in the constitution of the subject: A Lacanian approachThe purpose of this article is to propose an articulation between the notion of psychic transmission and the concept of the "Name-of-the-Father". In order to achieve this goal, we reflect on the Oedipus complex in Freud, culminating in the formation of the Superego. Next, we present the issue of Oedipus for Lacan and the paternal metaphor, in which Lacan proposes an understanding of the father's role in the Oedipus complex. Finally, we address the inscription of the "Name-of-the-Father" and the introduction of the father's signifier as an arrangement in the lineage and in the series of successive generations.Keywords: transmission; Oedipus complex; superego; Name-of-the-Father. Partindo da observação das especificidades decorrentes da clínica com crianças, consideramos o estudo da transmissão psíquica um dispositivo teórico de grande relevância. A noção de transmissão enlaça as questões genealógicas e a prática clínica, especialmente em se tratando do atendimento infantil, no qual o lugar dos pais é uma questão primordial para os psicanalistas. Segundo Faria (2016), a presença dos pais se impõe desde o início do tratamento, sendo imprescindível a participação desses durante todo o tratamento. Por não haver um padrão de manejo dessa presença, torna-se necessária a realização de investigações constantes acerca do seu papel na análise de crianças.
Direitos AutoraisPara a psicanálise, pensar sobre a criança consiste em pensar a infância enquanto tempo de instauração de uma estruturação psíquica, o que certamente não se reduz à dimensão cronológica. Para além do atendimento a crianças, enfatizamos a importância da escuta dos sujeitos, cuja constituição encontra-se articulada à relação pais-filhos e suas respectivas funções simbólicas (Prates, 2003). Dunker (2003) indica que a filiação não é um processo natural e biologicamente inexorável, pois se trata de um passo fundamental para constituição do sujeito. Um passo que depende da assimilação de uma narrativa coletivamente construída e da interiorização dos seus denominados "meios de produção".