RESUMOEste estudo objetivou conhecer as concepções de estudantes sobre o princípio da integralidade no cuidado à saúde a partir das práticas singulares que vivenciaram ao longo do curso. Constitui-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, e exploratório-descritiva realizada mediante entrevistas individuais semiestruturadas com 19 estudantes do curso de graduação em Enfermagem de uma universidade pública da Região Sul do Brasil. Os resultados encontrados apontam que a integralidade é entendida como assistir o ser humano em sua totalidade, considerando os contextos existentes. Destacam, também, que a aplicação da integralidade na Atenção Básica efetiva-se por meio de visitas domiciliares e do diálogo, e que sua aplicação é mais difícil de ser visualizada na área hospitalar. Na percepção dos sujeitos da pesquisa, há uma intenção pedagógica em contribuir para a aplicação do princípio da integralidade durante as atividades desenvolvidas no curso de enfermagem, porém eles reconhecem algumas fragilidades nessa aplicação, principalmente no ambiente hospitalar, onde o ensino do cuidado está centrado na doença.Palavras-chave: Educação em Enfermagem. Assistência Integral à Saúde. Ensino.
INTRODUÇÃOA integralidade, um dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS), é de caráter polissêmico, tendo sentidos como "bandeira de luta", "imagem objetivo, atitude, dimensão das práticas, organização dos serviços e das práticas, e configurações de certas políticas específicas. A integralidade não pode ser defendida apenas como um princípio do SUS, mas também como uma ação social, um ideal do qual se tenta aproximar-se. Pode-se dizer, ainda, que é um conjunto de noções pertinentes a uma assistência que recusa a objetivação do sujeito, que permite a abertura ao diálogo, que considera os diferentes contextos onde ocorre o encontro entre o profissional e o usuário (1) . A aproximação com o princípio da integralidade deve acontecer durante a formação do enfermeiro, nos diferentes cenários de cuidado vivenciados pelos estudantes, de forma a propiciar-lhes uma interação democrática com os sujeitos que cuidam e os que são cuidados, bem como a valorização dos saberes nos diferentes níveis de complexidade do sistema. O desafio na construção da integralidade do cuidado está em desenvolver uma abordagem que melhor atenda às necessidades do sujeito. Nesta ótica, a Enfermagem enfrenta o desafio de formar e capacitar profissionais para um novo modo de produzir serviços de saúde, de cuidar com resolutividade e qualidade, tanto na clínica como na saúde coletiva, visando à integralidade do cuidado (2,3) . Discutir a integralidade considerando seu caráter polissêmico tem propiciado ampliar a ótica sobre as diferentes formas de cuidar, desde a maneira de organizar os serviços até a formação dos profissionais de saúde, passando pela gestão do sistema de saúde em suas diversas esferas. A integralidade do cuidado parece estar relacionada ao envolvimento do profissional com o cotidiano do seu trabalho e imbricada