Estudo vinculado ao projeto de pesquisa: "Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica".
Educação inclusiva: um convite para pensar a complexidade humanaRoque Strieder, Clenio Lago Professores do Programa de Pós-Graduação em Educação-Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina/Brasil
ResumoEducação inclusiva exige olhar o ser humano em contextos multidimensionais. Essa perspectiva exige discutir a fragilidade do reconhecimento das diferenças e a importância da participação da filosofia da educação como catalizadora desses debates. O objetivo é investigar possíveis contribuições da filosofia da educação, visando uma melhor compreensão de como, ações inclusivas, podem ser potencializadas no universo da complexidade e das atitudes transdisciplinares. O estudo tem caráter qualitativo e busca em referenciais teóricos. Reconhece que a educação inclusiva existe em potencial, mas lhe falta atualização. Destaca que a filosofia da educação pode conduzir reflexões para reconhecer a condição humana, olhando-se e compreendendo-se a partir do outro. Palavras-chave: educação inclusiva, filosofia da educação, transdisciplinaridade.
Considerações iniciaisNo seio dos debates da filosofia da educação já não pode ficar ausente a temática da educação inclusiva, uma temática onde são poucos os consensos. As chances da educação inclusiva aumentam se reconhecermos a importância de conceber o ser humano como complexo e envolto em múltiplas dimensões. Nessa perspectiva a filosofia da educação pode contribuir para ampliar a compreensão e propor a conjugação de diferentes concepções, criando uma predisposição para aceitar o que acontece em outros níveis de realidade. A proximidade para com a filosofia da educação afasta o esteio em donos da verdade e reconhece que toda e qualquer posição intransigente nega a interdependência de fenômenos e processos e a complexidade das realidades plurais.Está no cerne da filosofia da educação que os fenômenos educacionais, tal como os seres humanos, só podem ser compreendidos em contextos multirreferenciais de conexões e vínculos formando uma trama rizomática (DELEUZE, GUATTARI, 1995). Nessa trama a educação inclusiva é expressão de vida, expressão do encontro de processos vitais e cognitivos, uma vez que vida e aprendizagem não se separam. E, se a vida é produzida a partir de uma organização autopoiética, as relações e interações que se autoeco-organizam garantem a dinâmica da vida. Então, faz sentido a afirmação de Maturana: "Se não vemos o outro como um outro legítimo, não nos importamos, esse é o nosso problema. Não vemos, não expandimos nossa visão, agimos colocando fronteiras" (2000, p. 99).Particularmente aqui, sem menosprezar ou desconsiderar as inúmeras outras entradas e variáveis, necessárias nas reflexões e ações inclusivas, deseja-se destacar a importância da filosofia da educação no desafio de uma melhor compreensão...