A tuberculose através do século: ícones canônicos e signos do combate à enfermidade

Abstract

A tuberculose marcou forte presença no Brasil, ao longo de todo o século XX. No presente estudo, são passados em revista ícones canônicos, signos e significados associados à moléstia, na qualidade de recursos de aproximação às representações sociais da doença. Os dispensários organizados para prover educação sanitária e assistência médica e social aos doentes; os sanatórios, dedicados ao isolamento nosocomial e tratamento prolongado; o hábito de escarrar e as escarradeiras, insólitos para os padrões atuais, cuja difusão acreditou-se auxiliar no combate à enfermidade; a abreugrafia, no rastreamento de novos casos. Esses são alguns dos elementos recuperados com o intuito de coligir informações em apoio à perspectiva de se recuperar a história da tuberculose do ponto de vista daqueles que temeram o contágio, que atentaram para os rigores de sua prevenção, que sofreram os danos biológicos causados pela doença, que conviveram com suas metáforas. A título de conclusão, esboça-se o perfil epidemiológico de um século de tuberculose no Brasil, apontando para as mutações reconhecidas na inserção da doença no imaginário social.

Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 1980 a 2004

“…In all regions, mortality rates showed a more remarkable declining trend until 1985-86 followed by stabilization or increase and then decline again. 1 increasing TB mortality rates were found. This discrepancy can likely be explained by the impact of AIDS epidemic.…”

Illness Experience in a Very Low Income/Poor District of Rio de Janeiro, Brazil: Tuberculosis, Medication Adherence and Common Mental Disorders

“…Prior to the existence of effective treatment, TB represented a largely incurable disease. In Brazil, writers described hemoptysis in their books, as Dinah Queiroz's ("Then we're told that the peach blossoms, whose rosy color resembled the white linen of the blood-colored handkerchiefs, coincided with the propitious seasons to hemoptysis") and Manoel Bandeira ("We've also witnessed symptoms such as fever, hemoptysis, dyspnea and night sweats, a whole life that could have been existed and it has not") [49]. The horror linked with death led to stigmatization and isolation.…”

As organizações da sociedade civil e o programa de controle da tuberculose - análise das parcerias no estado de São Paulo / Brasil

“…No Brasil, a TB não era considerada problema importante para o poder público, ainda que se reconhecesse que ceifava muitas vidas nas cidades. Não se dispunha de estratégias preventivas e curativas aceitas pela corporação médica em geral e a preocupação estava mais voltada à outras doenças como a varíola e a febre amarela, que ameaçavam as políticas de incentivo à migração e o desenvolvimento agrário (Antunes, Waldman, Moraes, 2000;Bertolli Filho, 2001). Assim, à exemplo do que ocorria na Europa, a sociedade assume a tarefa de criação e patrocínio de instituições que objetivavam dar algum suporte aos doentes e prevenir a transmissão da Peste Branca.…”

“…Estes estabelecimentos realizavam o tratamento (inclusive o pneumotórax), educação em higiene, assistência médica, atendimento domiciliar e o diagnóstico da TB. A Associação defendia o tratamento sanatorial e hospitalar e, apesar de não ter conseguido criar um sanatório, fundou uma colônia de férias para crianças, como medida de prevenção à enfermidade e o Preventório Dona Amélia (Nascimento, 2005;Antunes, Waldman, Moraes, 2000).…”

“…Expande, ainda, sua ação, com a formação das enfermeiras visitadoras, que realizavam atividades de educação sobre a TB e visitas domiciliárias em busca da adesão do doente ao tratamento, com um teor de fiscalização (Barreira, 1992;Antunes, Waldman, Moraes, 2000;Gonçalves, 2000;Hijjar et al, 2007). (Barreira, 1992).…”