2010
DOI: 10.1590/s1413-77042010000200005
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O Navio Negreiro: refiguração identitária e escravidão no Brasil

Abstract: O artigo apresenta e analisa a narração de uma encenação teatral realizada pela mãe de santo de um terreiro do Rio de Janeiro sobre a partida, a viagem e a chegada dos escravos africanos no Brasil. A peça é encenada por crianças e membros da família de santo nos quadros de uma atividade educativa. A narração se baseia em uma ideia central: os escravos vieram para o Brasil como portadores de uma cultura material e imaterial, de uma memória e de tradições trazidas por meio daqueles que souberam resistir à escrav… Show more

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“…Existe a interpretação, apontada por Fonseca (2002), de que as elites rurais e políticas da época impedissem o acesso dos escravos à escola em razão de um possível temor de que esse acesso ultrapassasse os limites da instrução voltada para o desempenho satisfatório das funções servis, e trouxesse a eles o desejo de libertação. Esse temor seria alimentado em função de uma série de revoltas e atos de resistência de pessoas escravizadas no Brasil, como a organização de grupos, nas senzalas, voltados à resistência cultural, à criação de uma língua comum e ao culto das religiões africanas, e a formação de quilombos, locais onde os escravos que conseguiam fugir das fazendas viviam em comunidade segundo as manifestações culturais e religiosas africanas (SAILLANT, 2010, SISS, 2003. Também decorreria de três fatos da conjuntura política internacional: a revolta dos escravos no Haiti (1791 a 1804), a guerra pela abolição do trabalho escravo nos Estados Unidos (1861 a 1865), e a campanha contra o tráfico de africanos, promovida pela Inglaterra a partir do ano de 1807.…”
Section: Negros E Negras Legislação Educacional E Educação Formal Nounclassified
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“…Existe a interpretação, apontada por Fonseca (2002), de que as elites rurais e políticas da época impedissem o acesso dos escravos à escola em razão de um possível temor de que esse acesso ultrapassasse os limites da instrução voltada para o desempenho satisfatório das funções servis, e trouxesse a eles o desejo de libertação. Esse temor seria alimentado em função de uma série de revoltas e atos de resistência de pessoas escravizadas no Brasil, como a organização de grupos, nas senzalas, voltados à resistência cultural, à criação de uma língua comum e ao culto das religiões africanas, e a formação de quilombos, locais onde os escravos que conseguiam fugir das fazendas viviam em comunidade segundo as manifestações culturais e religiosas africanas (SAILLANT, 2010, SISS, 2003. Também decorreria de três fatos da conjuntura política internacional: a revolta dos escravos no Haiti (1791 a 1804), a guerra pela abolição do trabalho escravo nos Estados Unidos (1861 a 1865), e a campanha contra o tráfico de africanos, promovida pela Inglaterra a partir do ano de 1807.…”
Section: Negros E Negras Legislação Educacional E Educação Formal Nounclassified
“…No entanto, conforme apontam Gomes (2005), Saillant (2010) e Siss (2003), essa concepção mascara a ideia de promoção do branqueamento progressivo da população por meio da miscigenação, a existência de conflitos entre as populações brancas e negras e a imensa desigualdade entre elas em termos econômicos, sociais e políticos, sob a justificativa de que depende apenas da capacidade e do esforço individuais atingir níveis mais altos nessas esferas (SANTOS, 2001), dado que no Brasil não existiria racismo:…”
Section: Introductionunclassified
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