O modelo de atenção à saúde e o uso de ansiolíticos entre mulheres

Abstract

Este trabalho objetiva discutir dependência química de ansiolíticos em mulheres, tomando como eixo de análise a relação que se estabelece entre a mulher, o medicamento e o serviço de saúde. A população estudada foi composta de dezessete mulheres usuárias de ansiolíticos que utilizam o serviço público de Natal, Rio Grande do Norte. O instrumento utilizado foi a entrevista semi-estruturada, com a técnica de análise das práticas discursivas. Consideramos que o tipo de atendimento prestado à mulher, ou seja, a produção de serviços de saúde voltados para essa clientela e sua utilização, contribuem, sobremaneira, para o uso indiscriminado desses medicamentos e conseqüentemente para o fenômeno da dependência. Observamos também que a relação entre esses elementos reforça a medicalização da mulher e repercute sobre o seu processo de saúde/doença.

Entre políticas públicas e experiências sociais: impactos da pesquisa etnográfica no campo da saúde mental e suas múltiplas devoluções

“…Em relação às políticas públicas, esse contexto se expressa, por exemplo, no que alguns autores identificam como uma ambulatorização crescente do atendimento no campo da saúde mental, estendendo o modelo psiquiátri-co e medicamentoso para a atenção básica e para outros espaços de atendimento, tal como apontado por Aguiar (2004). Outros trabalhos apontam para uma importante dimensão do gênero na política pú-blica de saúde mental (Carvalho;Dimenstein, 2004;Tornquist, 2010;Zanello;Andrade, 2014), discutindo, por exemplo, o quanto as mulheres de camadas populares e periféricas têm sido alvo dessa dinâmica de psiquiatrização e medicamentalização do sofrimento e da vida cotidiana.…”

Assessment of dependence and anxiety among benzodiazepine users in a provincial municipality in Rio Grande do Sul, Brazil

“…3 Consumption of BDZ is becoming a public health problem because of often indiscriminate use. 4 Another factor that may favor increased use of BDZ is free distribution by the public health system, since this makes them accessible to a large population, and is associated with a lack of protocols to guide prescribing and dispensing. 5 Benzodiazepines have a high potential for addiction, 6 which is related to their pharmacokinetics.…”

Experiências de desinstitucionalização na reforma psiquiátrica brasileira: uma abordagem de gênero

“…In a paper discussing the use of anxiolytics among women in a health unit, Carvalho and Dimenstein 22 argue that, at health services, "there are a kind of naturalized discourse that subjugates women, insofar as it does not take into account their particular modes of existence, their singularities and the different ways of feeling and thinking of each subject" (p.121). Silveira 14 also refers to the use of benzodiazepines as a therapy for nervous women and shows that "at least from the perspective of patients and their families, medicalization of social problems has worked as a solution for the physician, since patients, despite the use of tranquilizers, continue to have crises" (p.80).…”