2012
DOI: 10.1590/s0104-83332012000200009
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Flexionando o gênero: a subsunção do feminino no discurso moderno sobre o trabalho culinário

Abstract: ResumoO artigo busca identificar traços de quaisquer tipos (escritos, gestuais) que apontem a especificidade de uma sensibilidade gastronômica feminina, em oposição a uma norma masculina para os trabalhos culinários. Analisa a perda do controle da cozinha pela mulher na fase de urbanização e industrialização vigorosa, conforme indica a obra de Auguste Escoffier. Sugere, por fim, a adoção de uma etnografia dos gestos culinários, a exemplo do que propõe Marcel Mauss no ensaio "As técnicas do corpo", para recuper… Show more

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“…Creem que, somente por meio de um atento engajamento no mundo, no atendimento de pacientes, na troca constante de abraços, de olhares, na dedicação à enunciação de palavras 'de poder' ou sentindo seus pés em contato direto com o solo, desenvolvem satisfatória estabilização para a tradução dos sinais de um mundo eloquente. 8 Uma atenta observação aos sinais do mundo permite a elas, ou melhor dizendo, conduze-nas ao discernimento das mensagens importantes num ambiente vivo, rico em informações, como sugere Ingold 5 Aprender a enxergar, portanto, não é questão de aquisição de esquemas para uma construção mental do ambiente, mas adquirir habilidades (skill) para um engajamento perceptual efetivo para com seus constituintes, humanos e não-humanos, animados e inanimados (id, p. 55, trad. nossa).…”
Section: Cozinha Incorporada: Formação E Encontro De Ethos Na Cnunclassified
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“…Creem que, somente por meio de um atento engajamento no mundo, no atendimento de pacientes, na troca constante de abraços, de olhares, na dedicação à enunciação de palavras 'de poder' ou sentindo seus pés em contato direto com o solo, desenvolvem satisfatória estabilização para a tradução dos sinais de um mundo eloquente. 8 Uma atenta observação aos sinais do mundo permite a elas, ou melhor dizendo, conduze-nas ao discernimento das mensagens importantes num ambiente vivo, rico em informações, como sugere Ingold 5 Aprender a enxergar, portanto, não é questão de aquisição de esquemas para uma construção mental do ambiente, mas adquirir habilidades (skill) para um engajamento perceptual efetivo para com seus constituintes, humanos e não-humanos, animados e inanimados (id, p. 55, trad. nossa).…”
Section: Cozinha Incorporada: Formação E Encontro De Ethos Na Cnunclassified
“…Protagonista da criação culinária na CM, o chef encarna de modo evidente o processo de adestramento corpóreo desenvolvido a partir da profusão de produtos alimentares, substancialmente constituídos da patriarcalizada configuração que desqualifica as cozinheiras do dia-a-dia 8 . A naturalização do paladar humano é consideravelmente nutrida pela reificada projeção carnista observável nas comidas preparadas pela CM, na averiguação de um carno-centrismo socialmente ligado à manutenção de um ethos masculino de virilidade 16 :…”
Section: Cozinha Incorporada: Formação E Encontro De Ethos Na Cnunclassified
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“…O "cozinhar por amor" aparece ligado à figura feminina e o "cozinhar por prazer" e "cozinhar por profissão", ligados à figura masculina (DÓRIA, 2012). Essas nuances se refletem em alguns domínios da cultura, como a música, a literatura e o cinema, em que a narrativa feminina é identificável principalmente quando aliada ao cozinhar por amor e à sexualidade.…”
Section: Introductionunclassified
“…O ingresso do homem nesse ambiente tende a silenciar que esse espaço da casa sempre foi destinado à mulher e que, em uma sociedade machista como a brasileira, a aproximação dos homens com o ato de cozinhar sugere um processo de ressignificação. Corroborando com Dória (2012) sabe-se que empiricamente a "mulher na cozinha" é uma categoria oposta ao "homem na cozinha", o que reflete uma condição de diferenciação baseada em níveis complexos da cultura social. Logo, a divisão sexual e social do trabalho se transforma a partir das " [...] diferentes culturas e épocas, reordenando as hierarquias de gênero.…”
Section: Introductionunclassified