O objetivo deste artigo é compreender a permanência da situação de exploração, precariedade e vulnerabilidade que atinge os(as) trabalhadores(as) rurais nas agriculturas do agribusiness do Brasil e de alguns países da América Latina. Permanência do "intolerável", cujo processo de gestação data do momento da conquista da América. Seguindo as reflexões de alguns autores pós-coloniais (Dussel, 1993;Quijano, 2005;Todorov, 1999), o ano de 1492 representou o nascimento da modernidade caracterizada pelo não reconhecimento do outro, ou seja, dos inúmeros povos indí-genas que habitavam o continente americano. Portanto, o nascimento do moderno (o europeu, branco) se fez às custas da morte -física ou simbólica -do outro (indígena e, em seguida, do negro africano). Em outras palavras, o nascimento do branco encobre, nega o não branco.Segundo Quijano (2005, p. 107), dois processos históricos convergiram para a produção da modernidade.Por um lado, a codificação das diferenças entre conquistadores e conquistados na ideia de raça, ou seja, Lua Nova, São Paulo, 99: 139-167, 2016