Este artigo toma como pressuposto que a atuação profissional em psicologia deve ter claramente um compromisso ético-político, algo que ainda não se vê com contundência, sobretudo a partir de relatos que demonstram a experiência de psicóloga(o)s em instituições públicas e sua permanência em modelos tradicionais de intervenção. Seu objetivo principal é colocar em evidência debates que considerem os modos de vida dos diferentes grupos sociais, a fim de produzir articulações entre os múltiplos marcadores sociais das diferenças que, por vezes, os constituem. Para tanto, trago um livro de Carolina Maria de Jesus-Quarto de despejo: diário de uma favelada-como possibilidade de construir diálogos transdisciplinares a respeito de eixos de poder e diferenciação, aproximando-me de seu território existencial a fim de compreender o modo como essa escritora produz conhecimento sobre sua realidade. Trata-se de propor um exercício que coloque em relevo a complexidade dos sujeitos para os quais direcionamos nossas intervenções psicossociais. Palavras-chave: marcadores sociais das diferenças; desigualdade social; intervenção psicossocial; feminismos; Carolina Maria de Jesus.