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Apresentação / PresentationCivitas, Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 181-189, abr.-jun. 2015 Partos, maternidades e políticas do corpo
Childbirths, maternities and body policiesPara Bento, Ravi e Tito N as décadas de 1970 e 1980, as mulheres brasileiras ocuparam as ruas, amparadas nas ideias "meu corpo me pertence" e "o pessoal é político", para questionar a maternidade obrigatória e a assistência médica reprodutivista que recebiam, fazendo do doméstico também um espaço de reflexão e de políticas. O movimento feminista e o movimento pela reforma sanitária pautaram a necessidade de outra percepção de vida sexual e reprodutiva e também de saúde, anunciando-as como direitos, espaços de liberdade e de exercício da cidadania. Essas transformações foram objeto de um conjunto de reflexões teóricas advindas do campo das ciências sociais e das ciências da saúde. No entanto, de lá para cá, outras tantas políticas do corpo e da sexualidade despontaram, ocupando outros espaços, grupos sociais e entendimentos.Em fins dos anos de 1990 e nos anos 2000, deparamo-nos, por exemplo, com o movimento pelo parto humanizado, o questionamento da prática médica e do número de cesáreas no país; com o retardo da maternidade entre as camadas médias; com o crescimento das tecnologias reprodutivas e os programas de estimulação ovariana entre casais brasileiros; com maternidades lésbicas; com análises sobre maternidade na juventude como status social nas periferias; com práticas de maternidades compartilhadas e modos contemporâneos de maternar; com o retorno do parto domiciliar em contextos urbanos; com os cursos oficiais de "capacitação" para parteiras "leigas"; com programas de saúde pública como o Rede Cegonha; com a discussão sobre a adoção por casais homossexuais e os direitos reprodutivos. Esse grande conjunto de fenômenos sociais nos abre portas para outras interpretações das noções de pessoa, de corpo, de sexualidade e de saúde e torna possível a reflexão sobre outras maternidades, paternidades e relações de gênero, sobre a heterossexualidade e a maternidade compulsórias.: http://dx