Contemporâneo é o que não coincide inteiramente com seu tempo, embora contenha a verdade dele; que é capaz de dividi-lo e interpolá-lo, para compreender, em sua gênese e vir a ser, o essencial próprio tempo em que se insere. Contemporâneo é, portanto, o arcaico, o que percebe o princípio genético, a arché daquilo que, no presente, nos constitui. Ser extemporâneo é colocar-se em condições de transformar seu próprio tempo, ao relacioná-lo com os outros tempos, de ler nele a história de maneira inédita, de "encontrar-se" com sua história segundo a força de uma necessidade que não é mero arbítrio individual, mas força de uma exigência humana à qual não se pode deixar de responder. É como se a escuridão do presente gerasse uma luz invisível, que projetasse sua sombra sobre o passado, e este, ao ser tocado por aquele feixe de sombras, adquirisse a capacidade de responder, de colocar-se em relação com trevas do agora.
Palavras-chave:
AbstractContemporariness does not coincide entirely with one's time, although it contains its truth; contemporariness is able to divide and interpolate time to understand its genesis and becoming, the essential own time in which it operates. Contemporariness is therefore the archaic, which realizes the genetic principle, the arché of what, at present, constitutes us. To be premature is to put oneself in the position to transform one's own time, to relate it to other times, to see the story as unique in time, to "meet" with its history with the strength of a need that is not mere individual will, but strength of a human need to which it cannot fail to respond. It is as if the darkness of the present generated an invisible light, which projected its shadow on the past, and when touched by that beam of shadows, acquires the ability to respond, relating to the darkness of the now.