Agenciar palavras, fabricar sujeitos: sentidos da educação inclusiva no Paraná

Abstract

Resumo O texto aborda os usos políticos e pedagógicos de uma concepção de inclusão educacional que adquiriu proeminência na gestão pública da educação brasileira durante a primeira década deste novo milênio. Para tanto, lança mão de uma reflexão construída a partir da inserção como técnico do Departamento de Ensino Básico na divisão de sociologia e tomando como eixo de discussão a interlocução com uma profissional que participou ativamente da organização da Secretaria de Estado da Educação do Paraná entre os anos de 2003 e 2011. Desse modo, o objetivo desta análise não se refere às experiências de pessoas em fase de escolarização, mas ao projeto institucional que pretendeu inseri-las em categorias pedagógicas relativamente estáveis e passíveis de inclusão fomentando um processo de organização estatal com base na nomeação e normatização de sujeitos. Trata-se, portanto, de uma tentativa de apresentar as práticas de gestão e sua justificativa discursiva em relação ao multiculturalismo, destacando as prerrogativas da educação inclusiva para pessoas surdas.

Indigenous inclusion in higher education: guarani and institutional perspectives

“…Many of the Guarani and Kaingang who live in the municipality are UEM students who took the Entrance Exam for the Indigenous Peoples in Paraná; a selection process aimed at opening supplementary vacancies for indigenous students in the state's eight public universities. This circumstance configures a complex of relations made of the contact between the contemporary organizational methods of Brazil's inclusive education (Carniel, 2018a) and the multiple indigenous experiences with universities' institutional apparatuses. Nonetheless, how can we understand this gathering of such diverse people and perspectives?…”

“…(p. 7), "will be eliminated from the selection process or will have his registration cancelled" (p. 7), "will not be allowed" (p. 8), among other variations. These imperatives are not exclusive to the Entrance Exam for the Indigenous Peoples in Paraná, for they are common in many state selection processes, and mirror the official grammar -abstract, bureaucratic, classificatory, individualized, selective, and universalist -through which educational systems usually confer different meanings to their inclusive aspirations (Carniel, 2013).…”

Inclusão Escolar Em Termos (E Tempos) Críticos: Notas Etnográficas Sobre Discursos, Disputas E Tensões No Campo Da Educação Inclusiva

“…Retomando as reflexões iniciais acerca dos paradigmas educativos, a leitura de Carniel (2018) pode ser interessante para elucidar algumas questões. Tendo por foco a problematização dos usos políticos, institucionais e pedagógicos da concepção de Inclusão Educacional, o autor versa sobre o aparato burocrático pertinente ao campo da Educação Especial.…”

“…Conforme afirma Carniel (2018) tal retórica traduz-se em "um dispositivo político, normativo e organizacional pelo qual essas pessoas e coletivos (pessoas com deficiência, indígenas, quilombolas) se reconheceriam e seriam pedagogicamente reconhecidos" (CARNIEL, 2018, p. 101). Além disso, deve-se notar a despeito do movimento mais amplo que evoca tal premissa, uma concepção específica sobre educação, na qual a mesma é vista não somente como um direito de todos, mas ainda como meio para garantir uma sociedade mais justa e igualitária.…”

Quando o raro se torna comum

“…Pesquisas sobre o modo pelo qual as disputas implicadas nos processos de produção de determinadas categorias biomédicas afetam a vida de pessoas que escapam do espectro das normatizações e dos dispositivos de normalização social começaram a emergir com força no campo brasileiro dos estudos da deficiência nas primeiras décadas do século XXI (MELLO;NUERNBERG, 2012;CARNIEL, 2013;GRUDZINSKI, 2013;FLORES, 2016;CAMPOY, 2017;CARNIEL, 2018). Tais investigações, de um modo geral, reivindicam a desestabilização de explicações exclusivamente biomédicas para fenômenos relacionados com a deficiência e o acometimento de doenças crônicas ou raras, propondo que esses acontecimentos não representam simplesmente tragédias pessoais.…”