Este artigo bibliográfico explora algumas linhas argumentativas presentes na obra do antropólogo e médico Didier fassin (1955-). a apresentação segue seu próprio percurso acadêmico e epistemológico, na busca por certa coerência entre sua trajetória e algumas de suas problematizações teóricas e metodológicas.De formação francesa, em princípios da década de 1980, o autor iniciou--se na medicina, com mestrado em Saúde Pública e posterior doutorado em ciências Sociais. trabalhou como médico em hospitais franceses, indianos e tunisianos, ao mesmo tempo em que realizava seu primeiro trabalho de campo no Senegal, abordando questões de saúde urbana e mudança social. Em seguida, no Equador, coordenou um programa sobre mortalidade materna e condições de vida.De volta à frança, nos anos 1990, desenvolveu pesquisas sobre desigualdades sociais em saúde, saúde pública local, imigração e discriminação em Paris e seus subúrbios, assim como sobre as políticas da aiDS na áfrica do Sul. a partir deste último trabalho, sobrevieram ainda outras temáticas, como as questões raciais e o modo como informavam as disputas entre governo e sociedade naquele país -problemas amplamente tratados em entrevista concedida pelo autor em outra oportunidade (Jaime & lima 2011). Da mesma forma, as questões raciais e humanitárias -que implicam a produção de dispositivos de seleção e exclusão -o conduziram a investigações sobre intervenções e governos humanitários e militares (fassin & Pandolfi 2010)