Introdução 1A carreira política é de alto risco, pois nenhuma conquista se mostra sólida e permanente. Os "políticos profissionais" estão sempre submetidos à possibilidade de perderem o "emprego", visto que os mandatos são renovados periodicamente. Para permanecer no "mercado", precisam passar pelo crivo do voto e, antes disso, ser indicados pelo partido. Em caso de derrota, devem procurar novos "postos de trabalho", como um cargo de nomeação e/ou esperar no mínimo dois anos por nova oportunidade nas urnas. Enfim, a construção da carreira é uma tarefa desafiadora, em que percalços e dissabores estão permanentemente no horizonte, razões pelas quais a decisão sobre o passo seguinte torna-se estratégica para minimizar ou eliminar eventuais fracassos, viabilizar sucessos, e, assim, garantir a manutenção na atividade.O artigo procura se somar à literatura que investiga essas questões no Brasil. No entanto, ao contrário da maioria dos estudos que está voltada aos membros do Legislativo (deputados federais, em especial), este tem como objeto a decisão relativa à continuidade da carreira tomada por titulares do Executivo, no caso os prefeitos das capitais estaduais eleitos entre 1996 e 2008. Busca identificar se procuraram novos postos eletivos, em caso positivo, quais foram eles e os resultados alcançados, com vistas a verificar a presença de alguma tendência predominante.Esse é um debate ao qual a ciência política vem se dedicando há algumas décadas. No caso do Brasil, um conjunto significativo de estudos atenta à circulação e ao recrutamento parlamentar, e procura calcular as taxas de desistência e reapresentação, de reeleição, renovação e retenção na Câmara dos Deputados, em uma série histórica ampla, que abrange de 1946 a 2010, ou diferentes recortes nesse intervalo, a depender do período em que a pesquisa foi realizada (W. G. Santos, 1971Santos, , 1987Santos, , 1997Santos, , 2002Santos, , 2003Fleischer, 1980 Fleischer, , 1981 Soares e D'araujo, 1993;Mainwaring, 1991; Figueiredo e Limongi, 1996Schmitt, 1999;F. Santos, 2000F. Santos, , 2002 F. Santos, , 2010Marenco dos Santos, 2000; Pereira e Rennó, 2001, 2007Nicolau, 2002; Araújo, 2002;Leoni, Pereira e Rennó, 2003;Samuels, 2003;Pegurier, 2009;Oliveira, 2009;Mancuso et al., 2013).Também figuram análises comparadas entre esses indicadores e aqueles registrados em 1 A coleta de dados contou com a colaboração inestimável de Elenice da Silva Cardozo.