Este artigo apresenta um estudo sobre a constituição sócio-histórica dos enunciados do homem e da morte no pensamento ocidental, a partir de dois referenciais teóricos: a arqueologia discursiva de Michel Foucault em As Palavras e As Coisas(1966), complementada pelos estudos da morte, referente à subjetivação mortificadora do louco em História da loucura(1961), estabelecendo-se uma ponte pela qual os saberes ocidentais - situados em Foucault no Renascimento, Classicismo e Modernidade - se relacionam epistemicamente na constituição do sujeito em mortificação. Analisa os resultados apresentados em sua interface com a temática do sujeito suicida. Verificou-se que a constituição histórico-discursiva do sujeito em mortificação, mais do que uma verdade de natureza, está remetida a jogos discursivos historicamente situados. Em um processo de produção de redes de verdades, nas quais os enunciados da vida, do homem e da morte se interconstituem em um jogo de pressuposição recíproca, difusa e multifacetada, por meio do qual o sujeito suicida pode emergir enquanto resistência à normalização social.