Temas ambientais como "temas geradores": contribuições para uma metodologia educativa ambiental crítica, transformadora e emancipatória

Abstract

A educação ambiental crítica e emancipatória exige que os conhecimentos sejam apropriados, construídos, de forma dinâmica, coletiva, cooperativa, contínua, interdisciplinar, democrática e participativa, voltados para a construção de sociedades sustentáveis. Este artigo trata dos temas ambientais como temas geradores para a educação ambiental, inspirados na pedagogia Paulo Freire, para quem educar é um ato de conhecimento da realidade concreta, das situações vividas, um processo de aproximação crítica da própria realidade: compreender, refletir, criticar e agir são as ações pedagógicas pretendidas. Os temas geradores são, portanto, estratégias metodológicas de um processo de conscientização da realidade opressora vivida nas sociedades desiguais; são o ponto de partida para o processo de construção da descoberta, e, por emergir do saber popular, os temas geradores são extraídos da prática de vida dos educandos, substituindo os conteúdos tradicionais e buscados através da pesquisa do universo dos educandos. O caráter político da pedagogia freireana faz-se presente, de forma radical, nos temas geradores, isto é, temas geradores só são geradores de ação-reflexão-ação se forem carregados de conteúdos sociais e políticos com significado concreto para a vida dos educandos. Assim, as propostas educativas ambientais conscientizadoras podem tomar os temas ambientais locais como temas geradores desta ação conscientizadora, desde que estes temas contenham conteúdos socioambientais significativos para os educandos e sejam definidos coletiva e participativamente.

A Educação Ambiental Crítica e o pensamento freireano: tecendo possibilidades de enfrentamento e resistência frente ao retrocesso estabelecido no contexto brasileiro

“…No entanto, o processo de mudança de consciência ingênua para crítica não é algo linear, trivial e automático, tendo em vista que demanda uma prática educativa de conscientização que seja crítica, dialógica e democrática com o intuito de mobilizar a capacidade de agir e tomar decisões conscientes em relação ao mundo (FREIRE, 2016;FREITAS, 2018). Assim, a educação problematizadora, de cunho autenticamente reflexivo e de ação, torna-se um instrumento que possibilita a conscientização para a transição da consciência ingênua rumo à consciência crítica (TOZONI-REIS, 2006;FREIRE, 2016).…”

Núcleo de Educação Ambiental da UFSC e o Programa de Formação Continuada de Educadoras e Educadores Ambientais para uma Cultura da Sustentabilidade

“…Acreditamos no entanto que a característica emergente dessa interrelação é de suma importância no processo formativo, pois busca preencher uma lacuna já reconhecida de que "A estética e a afetividade são dimensões pouco presentes nessa reconstrução crítica" ao compasso que "ambas as dimensões são cruciais na geração de significados e agência dos ambientes e pessoas pesquisados" (PAYNE et al, 2018)porém, ao mesmo tempo, apresentamos esta proposta atentando para o fato de que no contexto da construção de diferentes valores e atitudes, estes "só têm sentido se a essência do bom tiver dimensão histórica, isto é, se for pensada no movimento histórico intencional do permanente vir a ser dos sujeitos articulando os interesses coletivos e individuais." (TOZONI-REIS, 2002).…”

Investigação na sala de aula: Uma proposta contextualizada para o ensino de Ciências/ Bioquímica por meio da perícia criminal

“…Eles são extraídos da problematização da prática de vida dos educandos, estabelecendo relações entre os conteúdos e a realidade do aluno [14].…”