O território e as implicações da violência urbana no processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde em uma unidade básica

Abstract

Resumo No contexto da atenção primária à saúde, a violência urbana é um desafio que tem impactado diretamente o setor por conta da localização geográfica dos equipamentos de saúde em áreas de vulnerabilidade e da maior interação dos trabalhadores com situações que colocam em perigo, implícita ou explicitamente, sua segurança. O artigo discute as implicações desse fenômeno no trabalho e na construção dos vínculos estabelecidos entre os agentes comunitários de saúde (ACS) com a população em um território. Foi utilizada a metodologia qualitativa e o referencial teórico das representações sociais para compreender como a execução das políticas de saúde se concretiza no cotidiano à luz das interações, dos conflitos e das decisões que permeiam os contatos com o público na produção do serviço. Como resultado, destacamos que a violência e as representações em torno desta interferem na produção de estratégias de promoção e prevenção e na produção dos vínculos, tornando os canais de negociações mais restritos. É fundamental que o processo de trabalho das equipes de saúde esteja fortalecido com discussões e articulação em rede na minimização dos riscos individuais sobre seus trabalhadores e como possibilidade de efetivação dos pressupostos da integralidade do cuidado e redução das iniquidades.

Analysis of the sociodemographic, work profile and occupational risks of community health agents / Análise do perfil sociodemográfico, laboral e dos riscos ocupacionais de agentes comunitários de saúde

“…One of these statements mentions that during the implementation of the FHS in the community, CHAs were threatened by drug dealers for suspecting them of being spies for the drug trade. 20 As for the emotional/affective involvement and the resulting stress, scholars argue that this strong involvement between the user and the CHA can make the professional feel sad and cause suffering or sickness, since he/she is always in contact with disease situations. It should not be forgotten that the exercise of this profession requires the professional to be well with his own health, so that a positive message can be transmitted about what he promotes, and so that he can perform a good job in the community.…”

Condições de trabalho e saúde dos agentes de saúde: Uma revisão integrativa

“…No Brasil, a violência urbana e suas representações sociais, além do impacto sobre a saúde do trabalhador, interferem na produção do cuidado em saúde, na conformação do trabalho e de vínculos, impondo limites ao exercício profissional dos AS (Almeida et al, 2019). Estudos apontam que os AS não se sentem suficientemente preparados para atendimento a demandas referente ao consumo de drogas e uso abusivo álcool e a violência intrafamiliar no território, embora sejam questões recorrentes em seu cotidiano (Almeida et al, 2019;Garbin et al, 2014).…”

O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde à luz da Teoria Comunidades de Prática

“…Estudos apontam problemas relacionados ao trabalho desses profissionais, como carência de limites das atribuições 6,7 ; precárias condições de trabalho [6][7][8][9] ; a exposição à violência 10,11 ; escassez de articulação com os demais membros da equipe multiprofissional 12,13 ; maior prevalência de depressão 14 , dentre outros. A discussão sobre a prática desses profissionais, no decorrer desta trajetória, tem crescido com as propostas políticas de organização do Sistema Único de Saúde (SUS) [15][16][17] .…”