Contracepções diversas: uma leitura crítica do dossiê “Contracepção de emergência no Brasil: desafios para a assistência farmacêutica”

Abstract

O caráter comercial preponderante nas farmácias e drogarias no Brasil encobre uma questão que deveria ser óbvia: a natureza de estabelecimentos "de interesse para a saúde", conforme a classificação dos órgãos reguladores. Motivo suficiente para que fossem lugares de esforços etnográficos de pesquisas no campo das ciências sociais e humanas em saúde, no intuito de compreender as dinâmicas internas, as relações que ali se estabelecem, valores e representações que fazem parte desses espaços de presença tão massiva no Brasil e estratégicos quando pensamos a dispensação e circulação de medicamentos.No entanto, não se trata de um espaço de pesquisa comum, tampouco fácil de ser etnografado. Em termos gerais, parece-me pairar certa desconfiança sobre espaços, profissões e indústrias que produzem e colocam em circulação medicamentos, justamente por sua importância para a saúde da população, que vê nesses insumos uma forma central de acesso à saúde. Desconfia-se da indústria farmacêutica e de sua relação com os profissionais que prescrevem medicamentos; também da dinâmica entre essa indústria e os espaços comerciais onde coloca os fármacos em circulação; e mesmo da relação entre prescritores e estabelecimentos comerciais. Nessa trama, alguns profissionais são menos conhecidos, pela população em geral e dentro da academia, em termos de práticas e representações. Entre eles estariam, sem dúvida, os que atuam em farmácias (farmacêuticos, balconistas, representantes farmacêuticos etc.), cujas dinâmicas e interações parecem invisíveis em um fluxo no qual médicos, pacientes e medicamentos seriam agentes centrais e os outros, mediadores.

Intervenções farmacêutica: práticas que fazem a diferença

“…Os documentos acatados na 21 Assembleia Mundial de Saúde, intitulado Draft requirements for good manufacturing practices in the manufacture and quality control of drugs and pharmaceutical specialities, constitui o primeiro texto oficial que identifica no das normas de fabricação de remédios usando o termo BPF. Desde aqui, outras muitas mudanças de tal documento tinha sido produzidas à OMS durante as décadas seguintes, sendo percebida a última delas em 2014 (Azize, 2017).…”

“…De forma ilustrativa, são apresentados os incidentes abarcando o remédio sufatiazol, em 1941 nos EUA (EUA), que abandonou em torno de 300 mortos ou feridos por causa da ingestão de drágeas contaminado por fenobarbital e, depois disso, ainda, o fato da falha sob o desenvolvimento da inativação viral de lote de vacina da pólio nos anos 1950, que possibilitou que 60 indivíduos desenvolvessem pólio e diferentes 89 familiares contraíssem a enfermidade, nos EUA (Azize, 2017).…”

“…A caracterização dos conhecimentos técnicos empregadas nas fábricas farmacêutica torna-se hábil de tornar ainda mais fácil o significado da operacionalidade (em sua dinâmica) de evolução das BPF durante das últimas décadas (Gramosa et al, 2018, Azize, 2017.…”