O artigo focaliza o processo de constituição de um corpo de conhecimento recente sobre a transdisciplinaridade. Baseia-se em fontes documentais de congressos e colóquios internacionais sobre o tema e apresenta tal processo como parte do amplo movimento de crítica , na atualidade, ao paradigma dominante que preside a ciência moderna, considerado fragmentador e redutor da realidade , porque centrado em disciplinas cujo pressuposto é ignorar o que existe "entre" e "além" de suas fronteiras. Discute as possibilidades do surgimento desse novo referencial relacionadas ao poder heurístico do termo 'transdisciplinaridade', considerado capaz de congregar cientistas de diferentes áreas e humanistas em geral em torno de um conjunto de idéias passível de representar a consecução de um grande ideal: integrar o conhecimento e humanizar a ciência. Essa proposta é considerada inovadora, por não colocar a transdisciplinaridade como uma hiperdisciplina, mas considera-la, ao lado da pluri, da inter e também da disciplina, como uma das quatro flexas de um mesmo arco: o do conhecimento. Também por propor o diálogo entre as ciências, assim como com a filosofia, a arte, a literatura, a experiência humana, etc. Destaca, igualmente, a capacidade heurística desse referencial, organizado sobre três pilares - " a complexidade", " os diferentes níveis de realidade" e " a lógica do terceiro incluído" - , por possibilitar avanços em estudos que o tem empregado objetivando a construção de uma metodologia transdisciplinar. Aponta, finalmente, para a contribuição que a adoção desse referencial poderá trazer para pesquisas no campo da saúde pública e coletiva.