O artigo focaliza o processo de constituição de um corpo de conhecimento recente sobre a transdisciplinaridade. Baseia-se em fontes documentais de congressos e colóquios internacionais sobre o tema e apresenta tal processo como parte do amplo movimento de crítica , na atualidade, ao paradigma dominante que preside a ciência moderna, considerado fragmentador e redutor da realidade , porque centrado em disciplinas cujo pressuposto é ignorar o que existe "entre" e "além" de suas fronteiras. Discute as possibilidades do surgimento desse novo referencial relacionadas ao poder heurístico do termo 'transdisciplinaridade', considerado capaz de congregar cientistas de diferentes áreas e humanistas em geral em torno de um conjunto de idéias passível de representar a consecução de um grande ideal: integrar o conhecimento e humanizar a ciência. Essa proposta é considerada inovadora, por não colocar a transdisciplinaridade como uma hiperdisciplina, mas considera-la, ao lado da pluri, da inter e também da disciplina, como uma das quatro flexas de um mesmo arco: o do conhecimento. Também por propor o diálogo entre as ciências, assim como com a filosofia, a arte, a literatura, a experiência humana, etc. Destaca, igualmente, a capacidade heurística desse referencial, organizado sobre três pilares - " a complexidade", " os diferentes níveis de realidade" e " a lógica do terceiro incluído" - , por possibilitar avanços em estudos que o tem empregado objetivando a construção de uma metodologia transdisciplinar. Aponta, finalmente, para a contribuição que a adoção desse referencial poderá trazer para pesquisas no campo da saúde pública e coletiva.
RESUMO: Este trabalho busca a caracterização do encontro transformador entre seis moradores de rua e duas professoras na cidade de São Paulo. Este encontro possibilitaria a transformação psíquica dos envolvidos, no sentido de promover o despertar das potencialidades de self, do sentido de suas vidas, contribuindo para a promoção da resiliência. À resiliência, compreendida como "a capacidade humana de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sair delas fortalecido ou inclusive transformado", foi associada a noção do ágape, amor ao próximo, articulado com conceitos de self e falso self . Neste estudo longitudinal, o morar na rua surgiu como situação existencial excludente, favorecendo envolvimentos com droga e criminalidade. Revelou-se nova configuração nas psiques dos moradores de rua -em movimento transformador -junto às pessoas que foram seus pontos de apoio positivos. No entanto, tiveram dificuldades na permanência nesse processo sem o apoio mais amplo da Sociedade Civil e Estado. PALAVRAS-CHAVE: Encontro Transformador -Resiliência -Moradores de rua -Saúde Pública -Exclusão social. THE TRANSFORMING ENCOUNTER IN HOMELESS PEOPLE IN SÃO PAULO CITYABSTRACT: This work aims to characterize the transforming encounter between six homeless people and two teachers in the city of São Paulo. This encounter would enable the psychic transformation of the people involved, promoting the awakening of the potentialities of the self, of the meaning of their lives, and contributing to the promotion of resilience. Resilience is understood as "the human capacity to cope with life's adversities, to overcome them and to become stronger or even be transformed because of them". This was associated with the notion of agape, love for one's fellow humans, articulated with the concepts of self and false self. In this longitudinal study, dwelling in the street emerged as an excluding existential situation, favoring involvements with drugs and criminality. A new configuration in the psyches of the homeless was revealed -in a transforming movement -, in contact with people who were their positive supporting points. However, they had difficulties to remain in this process without the broader support of the Civil Society and of the State. KEY-WORDS: Transforming Encounter -Resilience -Homeless People -Public Health -Social exclusion. INTRODUÇÃOEste trabalho é parte de pesquisa cujo problema de investigação se constituiu na busca da caracterização de uma interação psicossocial específica entre os seres humanos, denominada de encontro transformador, que possibilitaria a transformação psíquica dos envolvidos, no sentido de promover o despertar das potencialidades de self, com a retomada do sentido de suas vidas, contribuindo para a promoção da resiliência. Ao conceito de resiliência, compreendido como a "capacidade humana de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sair delas fortalecido ou inclusive transformado" (GROTBERG, 1996), e aprofundado por Alvarez (1999Alvarez ( , 2003, foi associada a noção de ágape definido como "am...
Este trabalho apresenta, a partir de histórias de vida, características do processo de "encontro transformador" entre dois moradores de rua e uma professora, que foi "ponto de apoio" positivo em suas vidas. O "encontro transformador" é interação entre os seres humanos que possibilita a transformação dos envolvidos, no sentido de despertar suas potencialidades, a retomada do sentido da vida, promovendo-lhes a resiliência, que é a capacidade humana de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sair delas fortalecidos e, inclusive, transformados. O estudo longitudinal realizado envolveu o resgate de histórias de vida, através de entrevistas abertas, fotografias, registros em Diário de Campo e desenhos feitos pelos sujeitos de observação. Na interpretação dos dados contemplou-se o emprego de conceitos de determinadas teorias de: Psicologia, Geografia, Sociologia, Direito, Ciências da Educação, Complexidade e Sistêmica, em diálogo entre diferentes disciplinas. A análise do fenômeno - em que o morar na rua surgiu como situação existencial excludente - revelou nova configuração nas psiques dos moradores de rua, em movimento de transformação. No fenômeno observado - complexo - desvelou-se a dificuldade dos moradores de rua estudados de se manterem no processo resiliente sem o apoio efetivo da Sociedade Civil e do Estado, a partir de políticas públicas voltadas para esse tipo de população. Conclui-se pela importância dos resultados deste trabalho como contribuição para a ampliação de processos de formação, não só de profissionais que atuam com moradores de rua como de integrantes da sociedade em geral, norteados por uma visão solidária de busca de cidadania para todos.
O presente trabalho consistiu em aplicar a categoria Resiliencia no estudo de ex-moradores de lua da região central de São Paulo, que buscaram um outro modo de vida, no sentido dereconhecer a contribuição que esse conceito pode dar ao equacionamento de ações de saúde, em particular da saúde mental, voltadas às populações de rua, no contexto das metrópoles brasileiras. No estudo de caso, foram selecionados quatro adultos e uma criança, egressos de um grupode moradores de nua de um bairro central da cidade de São Paulo, que, do ponto de vista investigativo, foram considerados como possíveis resilientes, ou seja, portadores de capacidade humana de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sairem delas fortalecidos ou, inclusive, transformados. Utilizando entrevistas abertas e semi-estruturadas, fotografias, registros no diário de campo e técnicas de observação, procedeu-se a uma descrição etnográfico da moradia e do modo de morar atual e anterior dos sujeitos participantes do estudo, assim como de suas características psíquicas e sua interação com o meio em que vivem ou viveram. A partir doreconhecimento da trajetória empreendida por eles, estes foram considerados positivamente como resilientes, com base nos conceitos heurísticos “busca de sentido” e “pontos fixos” internos e provenientes do entorno identificados nos sujeitos. Finalmente, reconhece-se a importância do conceito de resiliência em estudos desta natureza e a necessidade de difusão do mesmo para sua efetiva aplicação na área de Saúde Pública.
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