RESUMOEste estudo teve como propósito desvelar facetas do fenômeno ser mãe de um filho em tratamento quimioterápico, buscando subsídios para uma assistência mais qualificada em oncologia pediátrica. Fundamenta-se na metodologia da pesquisa qualitativa, modalidade fenomenológica, e foi realizado entre junho e agosto de 2008. Foram realizadas entrevistas gravadas com mães que estavam conscientes do diagnóstico de câncer de seus filhos e os acompanhavam durante internação para tratamento quimioterápico em hospital especializado em oncologia, em Goiânia-GO. A análise dos dados baseou-se no método Análise Qualitativa do Fenômeno Situado. Observa-se, nos discursos das mães, a ambiguidade acerca dos significados da quimioterapia e as dificuldades diante das mudanças na dinâmica familiar impostas pelo tratamento do filho. O medo das incertezas do curso da doença ficou bastante evidente, incluindo o medo da morte e das recidivas. A necessidade de afastamento dos outros filhos intensificou os sentimentos de angústia e culpa em relação às possibilidades dessas mulheres enquanto Ser mãe. Nesse contexto, fica evidente a necessidade do redirecionamento da abordagem na assistência às mães que acompanham o filho em tratamento quimioterápico. Nessas situações, faz-se necessário um olhar atento às crianças, assim como às suas famílias, entendendo-se que todos vivem integralmente o processo de adoecer com câncer.Palavras-chave: Enfermagem Pediátrica. Oncologia. Quimioterapia. Pesquisa Qualitativa.
INTRODUÇÃOAs neoplasias pediátricas mais frequentes são as leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central. Elas apresentam-se como a terceira causa de morte no Brasil em crianças menores de 14 anos. Essas neoplasias se comportam de maneira diferente em crianças, apresentando períodos de latência menor, além de crescerem mais rapidamente e serem mais invasivas quando comparadas às neoplasias em adultos; no entanto, apresentam melhor prognóstico (1) . O tratamento das neoplasias pediátricas é bastante complexo, devendo envolver uma equipe multidisciplinar preparada e, sempre que possível, a criança deve permanecer em suas atividades diárias normais.A criança é um ser em crescimento e desenvolvimento, por isso precisa, mesmo em situações de hospitalização, ser estimulada e manter vínculos afetivos com as pessoas, ambientes e objetos (2)(3) . Uma criança não hospitalizada possui rotinas diárias a serem seguidas, como horário para brincar, ir para escola, fazer as lições de casa, comer, dormir, etc. Diante da hospitalização, a criança se depara com alterações na estrutura diária a que até então estava habituada e passa a lidar com a necessidade de permanecer no leito, a presença de pessoas estranhas, a dor, a realização de procedimentos desagradáveis e dolorosos,