Gênero e deficiência: interseções e perspectivas

Abstract

O campo de estudos feministas e de gênero tem avançado à medida que se articula com outras categorias de análise, tais como geração, classe, raça/etnia, orientação sexual, região e religião. Uma questão, contudo, permanece à revelia do esforço de interseção dessas categorias, a saber, a deficiência. Para tanto, busca-se aqui avaliar algumas das possibilidades de análise de fenômenos sociais e culturais nas quais se considera oportuno o diálogo entre os estudos feministas e de gênero com o campo de estudos sobre deficiência. Espera-se proporcionar maior visibilidade para o debate dessa questão, avaliando seu potencial analítico e político em vista da sua contribuição para as políticas públicas.

A Epidemia de Zika e as Articulações das Mães num Campo Tensionado entre Feminismo, Deficiência e Cuidados

“…Um dos pontos levantados pela antropologia ao tratar da deficiência é a dificuldade de lidar com a diferença, com o outro (DINIZ, 2007;MELLO, 2012). A situação de emergência em torno do SZC chamou atenção para a dificuldade do Estado em atender uma agenda antiga das pessoas com deficiência no que se refere aos cuidados em saúde e direitos sociais e também revelou a necessidade de se pensar as multiplicidades de deficiências.…”

Adoption of Children With Disabilities: A Study With Adoptive Parents

“…The intention was to gather information about the fathers and mothers participating in the research and their biological or adoptive children. Given the importance of including disability as a category of analysis in psychology studies (Gesser, Nuernberg, & Toneli, 2012;Mello & Nuernberg, 2012), and the proposal for mainstreaming disability with other analytical categories (Diniz, 2007), it was fundamental to know the sociodemographic characteristics of the interviewed families and include information on age, education, profession, salary, and physical condition of the adopted children.…”

“…This percentage is similar to that evidenced by Mariano and Rossetti-Ferreira (2008), whose research showed that 70% of children adopted were under one year of age. Based on the concepts of interdependence and care defended by the social model (Diniz, 2003;Kittay et al, 2005;Mello & Nuernberg, 2012), it is possible to understand how a greater dependence on special care required by the child with disabilities can contribute to speeding up the adoption of these children.…”

“…Incorporating the precepts of the social model of disability is configured as a challenge, which allows us to understand the need for interdependence and care to be shared, as inherent to the human condition and understood as a matter of justice and human rights (Guimarães, 2010;Kittay et al, 2005;Mello & Nuernberg, 2012). This perspective can contribute to the recognition of care practices that go beyond the private sphere and perfomance of caring, charitable, segregationist, and exclusionary, which historically delineate the care addressed to people with disabilities (Diniz, 2007).…”

“…From the perspective of the feminist ethic of disability and caring, comprehension is promoted that, in addition to the disability, the care and interdependence are also constituents and are inherent to the human condition (Diniz, 2003;Kittay, Jennings, & Wasunna, 2005;Mello & Nuernberg, 2012).…”