2008
DOI: 10.1590/s0104-026x2008000200024
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Sonoro silêncio: por uma história etnográfica do aborto

Abstract: Usando métodos da História e da Antropologia, investigou-se a prática do aborto no Sul do Brasil na primeira metade do século XX. O exame de fontes primárias e as entrevistas com mulheres idosas visaram auscultar um enorme silêncio em torno dessa prática que deixa poucos vestígios em termos de fontes históricas e que reveste de segredos a memória. O texto apresenta dados registrados pela pesquisa e reflete sobre a diversidade das representações em torno do aborto, as ambigüidades dos sujeitos em relação ao tem… Show more

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“…No Brasil, o aborto provocado é fenômeno comum na vida reprodutiva das mulheres 1,2 ao mesmo tempo em que é cercado por silêncios e segredos 3,4 . Um paradoxo que se faz presente nas narrativas que servem de objeto a este artigo: em uma comunidade virtual internacional, brasileiras partilham as histórias que têm em comum sobre aborto, num território em que é possível contar sua experiência sem colocar o segredo em risco.…”
Section: Introductionunclassified
“…No Brasil, o aborto provocado é fenômeno comum na vida reprodutiva das mulheres 1,2 ao mesmo tempo em que é cercado por silêncios e segredos 3,4 . Um paradoxo que se faz presente nas narrativas que servem de objeto a este artigo: em uma comunidade virtual internacional, brasileiras partilham as histórias que têm em comum sobre aborto, num território em que é possível contar sua experiência sem colocar o segredo em risco.…”
Section: Introductionunclassified
“…Diniz e Medeiros (2010) ao relatarem a trajetória da pesquisa que chegou a tais resultados, comentam sobre o quão difícil e desafiador é realizar esse tipo de estudo, já que exige tratar de assuntos de cunho extremamente privado e, mais do que isso, adentrar o campo dos tabus, dos crimes e medos humanos, principalmente porque essa pesquisa não se baseou apenas em prontuários ou dados estatísticos gerais, mas foi realizada por meio de questionários, urnas e dados tabulados. Motta (2008), também pesquisadora do tema, discute o difícil tratamento de dados em estudos sobre aborto. Numa pesquisa com mulheres de camadas populares no sul do Brasil, ela afirma que -por mais que esteja claro que as mulheres realizam ou já realizaram procedimentos abortivos, e que não possuem construções discursivas de corpos abstratos ou higienizados pela medicina tradicional e os padrões burgueses de apreensão e lida com o corpo -elas silenciam ao tratar do tema aborto, fenômeno classificado pela autora como "ruidoso e flagrante", construído pelo medo (do Estado e da Igreja) arraigado que se sobrepõe aos valores e práticas tradicionais que caracterizam seu cotidiano.…”
Section: Católicas Pelo Direito De Decidir (Cdd): Diálogos Possíveis ...unclassified
“…Os saberes ligados à cura, até dado momento sob os cuidados de práticas tradicionais, passam a ser controlados por médicos e hospitais. As crenças vão sendo estigmatizadas e partos passam a ser realizados em maternidades, as ervas medicinais vão perdendo sua relevância social e a cura das doenças agora é procurada nos remédios que se encontram à venda em farmácias (Motta, 2015).…”
Section: Florianópolisunclassified