Intersetorialidade e cuidado em saúde mental: experiências dos CAPSij da Região Sudeste do Brasil

Abstract

Resumo O objetivo do estudo foi identificar como tem sido produzido o trabalho intersetorial nos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij) da Região Sudeste do país, buscando compreender como se processam os contatos com a rede, bem como as potências e fragilidades das articulações intersetoriais na perspectiva dos gestores dos serviços. Trata-se de pesquisa de levantamento, orientada pela avaliação por triangulação de métodos, em sua primeira etapa referente à análise diagnóstica situacional, tendo como participantes 35 CAPSij. Os resultados indicaram que Atenção Básica, Assistência Social e Educação são os principais serviços/setores envolvidos nas situações de cuidado à população infantojuvenil acompanhada nos CAPSij. A corresponsabilização, enquanto um dos benefícios do trabalho intersetorial, foi afirmada como estratégia para a produção ampliada de saúde e qualificação da rede. Sobre desafios, os participantes apontam a falta de alinhamento em projetos comuns de cuidado, os discursos de medicalização e patologização da vida nas instituições educacionais, e a dificuldade de articulação das demandas relacionadas à Atenção Básica. Por fim, discute-se a intersetorialidade como eixo central das ações em saúde mental, possibilitando que recursos e dispositivos locais sejam potencializados para práticas de cuidado e de garantia de direitos.

A saúde mental infantojuvenil sob a ótica de gestores da Atenção Básica à Saúde: possibilidades e desafios

“…Although the acronym "CAPSi" is recognized in the official documents for Children and Adloescent Psychosocial Care Centers, in this study the acronym "CAPSij" was used from the Ordinance of the Municipal Health Secretariat of the Municipality ofSão Paulo, Ordinance 2,375, of December 27, 2016(São Paulo, 2017, as justified byTaño & Matsukura (2019).…”

Modelo de atenção à saúde mental na gestão Erundina (1989-1992) na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil

“…Atualmente são significativas as dificuldades encontradas no acesso e contato com os equipamentos estratégicos para a afirmação da assistência na Atenção Psicossocial nos diferentes territórios. Tais contextos indicam a necessidade de que se viabilizem financiamento e qualificação aos serviços instalados e aos profissionais (Tãno & Matsukura, 2019).…”

Articulação do cuidado a crianças e adolescentes usuários de drogas: estudo de caso em uma Unidade de Acolhimento

“…As ações promovidas por instituições voltadas ao cuidado de crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade social são marcadas, historicamente, por práticas tutelares que estimulam a institucionalização e isolamento dessa população (Oliveira, 2015). Essas práticas de controle ainda estão em curso, seja por encaminhamentos realizados pela Fundação CASA ou internações involuntárias e compulsórias em hospitais psiquiátricos, instituições que historicamente refletem a psiquiatrização, criminaização e violação de direitos de crianças e adolescentes (Tãno & Matsukura, 2019).…”

“…Quando os profissionais se relacionam com os adolescentes de modo respeitoso, eles são posicionados como sujeitos de direitos e seres humanos com dignidade, tornando-se possível a construção de novas formas de se perceberem e se posicionarem. Existem avanços no que diz respeito a considerar os determinantes sociais na área da saúde, pois a estruturação da RAPS e dos equipamentos do modelo psicossocial podem fornecer um cuidado mais ampliado, problematizando ações de psiquiatrização, entretanto ainda é frequente a presença de constantes encaminhamentos, resquício de uma lógica que responsabiliza a saúde por questões políticas, transformando problemas sociais em patologias (Tãno & Matsukura, 2019).…”

“…É necessária a sensibilização dos vários atores e a interlocução contínua para diminuir as barreiras de acesso, assim como evitar a descontinuidade do cuidado e a sobreposição de ações. (Brasil, 2015, p. 61) As escolas são as principais instituições sociais e de circulação de crianças e adolescentes, mas sabe-se dos desafios presentes na inclusão e permanência de jovens em processo de sofrimento, daí a necessidade de aprimorar relações intersetoriais que potencializem o acesso nesta instituição para, com isso, serem possíveis transformações nas trajetórias de patologização desses indivíduos (Tãno & Matsukura, 2019). Sofia comenta que: Se na verdade pensarmos no papel cada vez mais central que os fármacos, como produtores do "bem-estar", vêm ocupando como principal técnica da assistência médicaentre eles os psicofármacos que têm sido amplamente prescritos para uma demanda que envolve um "sofrimento social" contemporâneovamos ver que o consumo técnico passa, cada vez mais, a fazer parte da vida.…”