ResumoNeste trabalho, problematiza-se a emergência do conceito de perversão a partir do declínio da primazia jurídica sobre as práticas sexuais, âmbito apropriado, em concomitância às demandas estruturais do contexto moderno, pelo discurso positivo-organicista da medicina. Num primeiro momento, investigam-se as vicissitudes sobre o corpo no discurso eclesiástico medieval. Posteriormente, procedendo-se à análise do contexto político-econômico europeu nos séculos XVII e XVIII, questionam-se os postulados jurídicos sobre o corpo e as práticas sexuais, e suas concomitantes respostas às demandas político-econômicas. Por fim, empreende-se uma discussão sobre as atualizações epistemológicas referentes às práticas sexuais, provenientes da primazia imputada ao discurso médico-positivo no século XIX.
Palavras-chave:História da Ideias Psicólogicas. Perversão. Sexualidade.
IntroduçãoNeste trabalho, apresentamos e discutimos a emergência do conceito de perversão a partir do declínio da primazia jurídica sobre as práticas sexuais, âmbito apropriado, em concomitância às demandas estruturais do contexto moderno, pelo discurso positivo-organicista da medicina.Numa primeira parte, ocupamo-nos com a circunscrição do momento histórico referente ao final do século XVIII e início do século XIX, quando há a ascensão e o estabelecimento do domínio do discurso da medicina sobre as práticas sexuais. Para tanto, realizamos uma incursão nas concepções do corpo e das práticas sexuais na Idade Média e no Antigo Regime. Em seguida, analisamos as atualizações epistemológicas referentes às práticas sexuais provenientes da primazia imputada ao discurso médico-positivo no século XIX. Dois autores orientam nossas discussões: Roudinesco (2008) e Foucault (1988.