1993
DOI: 10.1590/s0103-73311993000200002
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Os nervos e a antropologia médica norte-americana: uma revisão crítica

Abstract: Trata-se de um levantamento, revisão e análise da ampla literatura norte-americana articulada em torno do campo da Antropologia Médica que se tem dedicado à questão dos nervos, do nervoso ou do ataque de nervos nas últimas décadas. Procura-se apresentar o quadro dos pressupostos analíticos que ordenam as classificações prevalecentes nesse campo, esclarecendo assim não apenas a etnografia comparada do fenômeno dos nervos, mas também a própria estruturação conceituai da Antropologia Médica. Enfatiza-se os riscos… Show more

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“…Para sintetizar a crítica a essa perspectiva, remeto ao trabalho de Duarte (2004) e, em particular, à sua resenha, publicada na revista Physis a respeito das formulações da antropologia médica norteamericana, sobre as doenças chamadas "nervosas":…”
Section: A "Antropologia Médica"unclassified
“…Para sintetizar a crítica a essa perspectiva, remeto ao trabalho de Duarte (2004) e, em particular, à sua resenha, publicada na revista Physis a respeito das formulações da antropologia médica norteamericana, sobre as doenças chamadas "nervosas":…”
Section: A "Antropologia Médica"unclassified
“…Jane Russo logo viria a explorar também o potencial do modelo para a compreensão da difusão diferencial das terapêuticas psicoló -gi cas no Brasil (Russo 1993(Russo , 1994(Russo , 1997. Eu próprio procurei utilizar, nesse período, o potencial da história do individualismo e da teoria da hierarquia para o entendimento das formas da pessoa e da perturbação nas classes populares brasileiras, sobretudo no tocante às representações do ner vo so (Duarte, 1982(Duarte, , 1986a(Duarte, , 1992(Duarte, , 1993(Duarte, , 1994(Duarte, , 1995(Duarte, , 1997a(Duarte, , 1997b(Duarte, , 1998a(Duarte, e 1998b. Consolidava-se assim no Brasil uma li nha de trabalho que aproximava o esquema "indivíduo x pessoa" das discussões tradicionais sobre doença/saúde nas ciências sociais (para uma história e localização no campo intelectual desse veio da antropologia brasileira contemporânea) (Duarte, 2000a e 2000b).…”
Section: Palavras-chavehie Rar Quia Cultura Saúde Indivíduo Pessoaunclassified
“…Trata-se de um dos muitos aspectos de um movimento amplo e importante de análise dos fenômenos de saúde/doença, caracterizado -a meu ver -sobretudo pela tendência à reificação, seja ela do tipo "biomédi -co", "culturalista" ou "marxista". Minha crítica à literatura produzida nesse âmbito sobre a "sín -drome dos nervos" resume as objeções que me levam a uma oposição sistemática a uma importação direta da categoria "antropologia mé -dica" para o interior do campo brasileiro de ciências sociais em saúde (Duarte, 1993). A insensibilidade à percepção dos múltiplos efeitos da ideologia do individualismo e do universalismo científico (particularmente biomédico) sobre as condições da apercepção sociológica geral, que é muito característica do pensamento universitário médio norte-americano, seria particularmente danosa para a compreensão de uma sociedade como a brasileira, em que avulta de tal modo a presença de modelos relacionais de pessoa.…”
Section: Palavras-chavehie Rar Quia Cultura Saúde Indivíduo Pessoaunclassified
“…O risco mais grave que a presente posição procura evitar é o da repetição das universalizações ingênuas impostas pela não-relativização dos pressupostos ideológicos de nossa própria cultura. Em outro texto (Duarte, 1993) procurei chamar a atenção para a forma pela qual a Antropologia Médica norte-americana projetava o esquema tipicamente individualista da "dominação" de "classe" ou de "gênero" (ele próprio necessário e legítimo para lidar com situações relativas à institucionalização da ideologia da igualdade nas sociedades ocidentais) sobre espaços ou questões culturais completamente alheios a essa confi guração. No que tocava à interpretação dos fenômenos do "nervoso" popular, substituía-se assim o temido "reducionismo biomédico" por outros "reducionismos", não menos etnocêntricos (ver sobretudo Cayleff, 1988;Van Schaik, 1989;Lock, 1989;e Scheper-Hughes, 1992).…”
Section: Luiz Fernando Dias Duarteunclassified