Este texto trata de questões relativas ao trabalho com famílias, em particular, com o jovem na família. Baseia-se em uma concepção de família como uma realidade de ordem simbólica, que se delimita por uma história contada aos indivíduos e por eles reafirmada e ressignificada, nos distintos momentos e lugares da vida familiar, considerando a relação da família com o mundo externo. Diante de referências culturais e sociais diversas, a análise da família exige um esforço de estranhamento, nem sempre fácil, sobretudo, porque tendemos a confundir família com a "nossa" família. Enfatiza-se, assim, a importância de se escutar a história das famílias como um outro ponto de vista, distinto daquele do profissional ou pesquisador, mas fundamental e igualmente legítimo na elaboração das experiências vividas por famílias em alguma situação de vulnerabilidade.Descritores: Família. Cultura. Etnocentrismo. Jovens. Alteridade.
Pensando sobre o sofrimento associado à violência, este texto busca levantar questões sobre a construção social e histórica da vítima e a extensão que essa figura adquire na sociedade contemporânea como legitimação moral de demandas sociais. A construção da vítima é pensada como forma de conferir reconhecimento social ao sofrimento, circunscrevendo-o e dando-lhe inteligibilidade. O campo da saúde mental ocupa um lugar importante nesse processo, através da delimitação, pela Psiquiatria, do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) como referência para o tratamento de vítimas de violência, constituindo um foco privilegiado para essa reflexão. Trata-se de localizar a figura da vítima na lógica social que a engendra, indagando sobre a gramática dos conflitos que fundamentam sua construção e, assim, problematizar os usos que a noção de vítima enseja para legitimar ações sociais e políticas.
Na dor, manifesta-se claramente a relação entre o indivíduo e a sociedade. As formas de sentir e de expressar a dor são regidas por códigos culturais e a própria dor, como fato humano, constitui-se a partir dos significados conferidos pela coletividade, que sanciona as formas de manifestação dos sentimentos. Embora singular para quem a sente, a dor se insere num universo de referências simbólicas, configurando um fato cultural.
Com base no movimento feminista brasileiro, que se inicia nos anos 70, este texto pretende ressaltar a particularidade do feminismo como uma experiência histórica que enuncia genérica e abstratamente a emancipação feminina e, ao mesmo tempo, atua dentro dos limites e das possibilidades -que lhe são intrínsecosde se referir concretamente a mulheres em contextos políticos, sociais, culturais e históricos específicos.Partindo do pressuposto de que a possibilidade de elaboração da experiência passada constitui um recurso fundamental para análise do momento atual, busca-se rememorar a origem do feminismo brasileiro como um feminismo de esquerda. Lembrar que os grupos feministas estavam articulados às diversas organizações de influência marxista, clandestinas à época, e nasceram fundamentalmente comprometidos com a oposição à ditadura e com as lutas "pelas liberdades democráticas" e pela anistia é uma forma de pensar seu legado e seu lugar no panorama político mais amplo das lutas atuais. A intenção, então, é voltar atrás para pensar o presente.Além disso, numa publicação que pretende resgatar a história e a atualidade do feminismo, por que não dar também um sentido de homenagem a uma experiência coletiva, da qual fomos * Recebido para publicação em setembro de 2001.
Objectives: To understand how heath care professionals approach family violence against children and teenagers. Methods: This was a qualitative case study with 30 health care professionals. Results: Health care professionals were concerned with the lack of successful family problems resolution. Measures used by health care professionals emphasized punitive actions instead of caring behaviors. The characteristics of the job did not allow of the health care professionals to express their feelings and reactions and to know how to successfully address family violence. Health care professionals' approaches to address violence with families who already experienced violence may also become violent acts against those families. Conclusion: Approaches used to address family violence against children and teenagers reflect a lack of integration among the several categories of health care professionals and health care services. Keywords: Domestic violence; Healthcare; Pediatric nursing; Family health; Public health RESUMO Objetivo: Compreender o modo como os profissionais de saúde abordam as situações envolvidas na violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente. Métodos: Pesquisa de natureza qualitativo, na modalidade de estudo de caso, realizado com 30 profissionais de saúde. Resultados: Os profissionais mostraram-se preocupados com a falta de resolução dos problemas. Revelaram que as medidas empreendidas priorizam a punição em lugar do atendimento e que a estrutura de trabalho não lhes permitia expor seus sentimentos e reações e com eles lidar. O modo de abordar as famílias que já vivenciaram violência pode configurar um ato violento para com estas. Conclusão: A maneira como é realizada a maioria das abordagens em casos de violência contra a criança e o adolescente reflete a falta de integração entre os profissionais e os diversos setores. Descritores: Violência doméstica; Assistência à saúde; Enfermagem pediátrica; Saúde da família; Saúde pública RESUMEN Objetivo: Comprender el modo cómo los profesionales de salud abordan las situaciones relacionadas a la violencia intrafamiliar contra el niño y el adolescente. Métodos: Se trata de una investigación de naturaleza cualitativa, de tipo estudio de caso, realizado con 30 profesionales de salud. Resultados: Los profesionales se mostraron preocupados con la falta de resolución de los problemas. Revelaron que las medidas emprendidas priorizan la punición en lugar de la atención y que la estructura de trabajo no les permitía exponer sus sentimientos y reacciones y lidiar con ellos. El modo de abordar a las familias que ya vivenciaron violencia puede configurar un acto violento para con éstas. Conclusión: La manera cómo se realiza la mayoría de las abordajes en casos de violencia contra el niño y el adolescente refleja la falta de integración entre los profesionales y los diversos sectores.
Enunciação do problemao corpo e a doença constituem objetos cujo conhecimento não encontra um modo de acesso único. Fenômenos sociais e culturais -como qualquer fenômeno humano -, o corpo e a doença, assim como a dor e o sofrimento, constituem objetos de pesquisa que atravessam fronteiras disciplinares por envolverem dimensões da existência humana reivindicadas, cada uma delas, como pró-prias de áreas específicas do saber, correspondendo à fragmentação disciplinar que marca o campo científico, neste caso, entre as ciências humanas e as biológicas. Em seu estudo, aparece inevitavelmente o problema de como se relacionam esses distintos campos do conhecimento, cujos olhares transformam o corpo e a doença em objetos radicalmente diferentes, porque construídos a partir de referências epistemológicas distintas, como as que distinguem o campo da biologia -fundado na suposição da objetividade do conhecimento empírico -e o campo simbólico da antropologia. o problema evidencia-se, sobretudo, diante do fato de que esses estudos, mesmo na perspectiva das ciências sociais, se desenvolvem frequentemente em espaços institucionais vinculados à área da saúde, cuja organização segue a lógica dos saberes biológicos.num momento de fragilidade da institucionalização das ciências sociais na área da saúde, Carrara ressaltou que a discussão que propunha, à época, sobre a entrada da antropologia social nos domí-nios da biomedicina, transformando-a em "'objeto' de nossa própria 'ciência'" (1994, p. 37), talvez interessasse apenas àqueles, como o autor, localiza-* Agradeço a leitura atenta e os comentários de Patricia Birman e olgaria Matos à primeira versão do texto. Artigo recebido em janeiro/2010Aprovado em agosto/2010
Estudo de caso em uma creche pública, que tem como objetivo analisar relações entre famílias e profissionais que se desenvolvem no cuidado compartilhado das crianças. Apesar de esforços de profissionais para interagir com as famílias, há evidentes dificuldades na interação, devido a distintos pontos de vista. Considerando que conflitos são inerentes à vida psíquica e social e que é necessário explicitá-los e negociá-los para alcançar objetivos comuns, o artigo buscou apreender o ponto de vista dos sujeitos envolvidos no cuidado infantil. Depreendeu-se da análise que a confiança é construída com "o tempo", no processo de compartilhar o cuidado, ajustando expectativas e negociando diferentes concepções, valores e conhecimentos. Como mostraram dados da observação, conflitos não explicitados nem refletidos podem comprometer o cuidado da criança, que vivencia e percebe quando as diferenças entre a creche e a família são focos de tensão.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.