Sendo o sofrimento um fenómeno biopsicossocial e espiritual ele está presente em todos os contextos associados à doença. Mas, o sofrimento não tem repercussões só para a pessoa/família mas também para os profissionais de saúde. Neste contexto propomo-nos elaborar uma pequena reflexão sobre o sofrimento das pessoas/famílias que perderam o seu bem-estar e os enfermeiros que pela inerência das suas funções estão integrados no âmago do sofrimento.PALAVRAS CHAVE: Sofrimento; Enfermeiro; Família; Cliente
ABSTRACT: SUFFERING IN THE CONTEXT OF DISEASESuffering is a biopshycosossial and spiritual process and it is present in all the contexts related to disease. But, suffering has repercussions not only on the person/family but also on the health professionals. In this context we will develop a short reflection about the suffering of people who lost their welfare and the nurses, who by their inherence of the function, are integrated in the centre of suffering. Classicamente fala-se no sofrimento físico, quando atribuído ao corpo e mental quando conotado com a mente. Béfécadu (1993) fala no "sofrimento do corpo -a fonte física, sofrimento nas relações interpessoais -a fonte sociocultural, sofrimento na vontade, a fonte existencial-espiritual e o sofrimento no sentimento de unidade e coerência do "eu" -a fonte psicológica" (cit por Gameiro, 1999, p. 37). Para Biscaia (1995, p. 7) "a dor e o sofrimento humanos são atributos da pessoa já que eles pressupõem, não só uma componente neurológica, mas também a memorização e o repercutir psicológico que lhe dão uma clara implicação em comportamentos futuros".O sofrimento é uma experiência pessoal, egocêntrica e complexa que envolve um evento intensamente negativo ou uma ameaça percebida. O sofrimento pode fazer-se acompanhar de componentes físicas, cognitivas, afectivas, sociais e espirituais o que justifica a sua complexidade (Rodgers & Cowles, 1997).A investigação efectuada à volta do sofrimento traduz grande proximidade conceptual, verificam-se experiências comuns e outras exclusivas que dependem não só da causa do sofrimento mas também das especificidades do indivíduo. Mas o foco do sofrimento não se deve propriamente à causa mas ao risco que representa para a identidade da pessoa (Gameiro, 1999). Apesar de não conseguirmos identificar a amplitude e o significado do sofrimento pelo qual a pessoa está a passar, normalmente conseguimos perceber quando a pessoa está a sofrer (Kahn & Steeves, 1986). Sendo que "O ser humano é o único dotado de um sentimento intrínseco, decorrente do excesso de algo, que incomoda, perturba ou provoca insatisfação" (Berlink cit.por Malavolta, 2000). Na cultura ocidental, em que está implícita a divisão espírito-corpo, o sofrimento é relacionado com o espírito e por isso a sua subjectividade. Mas para podermos entender o sofrimento, não podemos pensar numa lógica de espírito versus mente, pois cada ser humano é um todo, espírito e corpo (Cassel, 1992, cit. por Ribeiro, 2005. Ao analisar o sofrimento em âmbito médico, refere que "a) o sofrimento não se ...