O memorial de Sofia: leitura psicanalítica de um conto de Clarice Lispector

Abstract

Esse trabalho pretende analisar o conto "Os "Desastres de Sofia", de Clarice Lispector, utilizando-se o instrumental da Psicanálise e da Estilística. Considerando-se que se trata de uma narrativa confessional, em que sujeito e objeto se confundem, a leitura proposta mostra de que maneira memória e ficção estão interrelacionadas na construção do texto, trazendo o inconsciente como material privilegiado da criação literária. As personagens são entendidas no interior de um campo de projeções e identificações, resultando daí uma descoberta surpreendente: a protagonista adolescente se descobre escritora, à sua própria revelia, em meio aos jogos sádicos com o seu professor.

Olhares de estranhamento de Clarice Lispector em língua inglesa: análise da obra "A Legião Estrangeira" com base em um corpus focado no conto “Os desastres de Sofia”

“…Para Rosenbaum (1999), durante sua apresentação da "realidade" lembrada, Sofia tenta decifrar-se em sua intimidade por meio do olhar que lança sobre o mestre.…”

“…Por fim, também na narração é possível observar que os verbos e suas ausências acabam por levar o leitor a apreciar as sensações da menina e a substancialidade da formação de sua identificação com base nas escolhas lexicais e sintáticas, "[...] carnalizando o discurso com palavras que respiram o psiquismo das personagens" (ROSENBAUM, 1999…”

“…A Linguística de Corpus corrobora a proposta de Rosenbaum (1999) de que são os dizeres da autora, bem como as maneiras como organiza a sintaxe e constrói dizeres de seus personagens, que revela uma intencionalidade dentro das figuras dramáticas. É, pois, pelo léxico que se configura a angústia de não pertencimento e a assimilação do estranho.…”

“…A obra A Legião Estrangeira (1964), por sua vez, apresenta-se também como objeto de investigação de inúmeras análises, como, por exemplo, as de Rosenbaum (1999). Dentro dessas leituras, o conceito de estranhamento na escrita clariceana é abarcado por Waldman (1998), Sá (1993), Vieira (1998) e Gurgel (2001), de modo que as proposições de tais autores fazem menção à produção de Chklovski (1971), trabalhando, principalmente os afastamentos do real por meio de elementos amparados nas rotinas das personagens.…”