NAS ARMADILHAS DO DESEJO: privações e movimentos de jovens prostitutas em zonas rurais

Abstract

Este artigo busca problematizar os sentidos ambivalentes do lugar da prostituição feminina a partir de pesquisas realizadas com jovens mulheres no interior da Paraíba (região do Litoral Norte e Brejo Paraibano), provenientes de famílias rurais. As trajetórias de vida dessas mulheres revelam um histórico familiar marcado por vários tipos de violência e diferentes estratégias de autonomia para superar essas experiências de privação, embora, muitas vezes, elas se repitam na relação com os cafetões e com os clientes. A prostituição é vista como uma estratégia de empoderamento em relação ao próprio corpo, ao domínio de práticas sexuais pouco convencionais e, ao mesmo tempo, como uma situação de passagem, encarada como um meio para construir projetos futuros, ao menos idealmente, fora da prostituição. Nossa pesquisa, de caráter socioantropológico, revela que os mecanismos para a aquisição de autonomia reproduzem um modelo de dominação e oferecem poucas possibilidades para que essas jovens resistam às normatividades e moralidades vigentes.

Social representations of female sex workers about their sexuality

“…Although invisibilities exist, men perceive these women as 'sexually depraved', and therefore seek them to meet their needs, because 'normal' wives or women cannot satisfy them, reaffirming the Judeo-Christian theory of sexual satisfaction associated with a sinful and deviant act. ( 26 ) Therefore, specifically in this study, the pleasure aroused by money and not by the partner was a unanimous thinking in the social representations of these women, which reveal facets and nuances of sexuality of this group of women, beyond what macho society establishes as a body to be used for a purely sexual purpose. The speeches of women showed particularities in relation to their work, according to the representations learned about the source of pleasure during the sexual act: the body represented as a work object to obtain money.…”

“…( 25 ) This representation of the relationship with the client possibly originates in childhood, on the part of some, due to acquired vulnerabilities such as exposure to promiscuity and indirect incentive to prostitution; however, it is emphasized that most of them are in sex work of its own accord, because they see that this profession makes it possible to have access to goods and services that are often neglected by the State, escaping the stereotype created in society that sex workers have no other choice of profession; indeed many have, however the subhuman conditions proposed by employers are even an affront to their needs. ( 26 )…”

“…In order to reduce the exclusion and prejudice associated with prostitution on the part of health professionals and health sectors that provide this type of service to the population, it is essential that scientific studies produce differences in the way they act, think, feel and believe of the particularities associated with this practice. ( 9 , 26 )…”

Correlação Entre Marcadores De Vulnerabilidade Social Frente Ao Uso Do Preservativo Por Trabalhadoras Sexuais

“…Destaca-se que elas as mulheres negras, e portanto, as trabalhadoras sexuais negras, são maioria no Brasil, sendo que elas estão em maior quantidade e, por isto, são as que têm tido acesso à política de combate à epidemia da aids 14 . Reiterase que em decorrência da realidade escravocrata e do modo como a população negra foi se organizando nas periferias e favelas das cidades e grandes centros, sendo marginalizadas, estigmatizadas e segregadas socialmente, foi crescendo a prostituição entre as mulheres que se declaram pretas [20][21] .…”

Fatores biopsicossociais na história de vida de mulheres profissionais do sexo

“…Pertencente ao início da profissão, as profissionais do sexo foram apresentadas à prostituição por influência e/ou recomendações de familiares, amigos e namorados (Nascimento & Garcia, 2015). Outra questão é que o principal motivador para a entrada e a permanência na atividade profissional é o dinheiro, uma vez que esse dá condições às mulheres de suprirem as necessidades da família (Burbulhan et al, 2012).…”