2002
DOI: 10.1590/s0103-40142002000100015
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

Poesia versus racismo

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
2
1
1

Citation Types

0
0
0
5

Year Published

2004
2004
2021
2021

Publication Types

Select...
4
1

Relationship

0
5

Authors

Journals

citations
Cited by 5 publications
(5 citation statements)
references
References 1 publication
(1 reference statement)
0
0
0
5
Order By: Relevance
“…O branco tende a fixar seu sentido nas conotações de pureza, de transcendência; o negro, ao contrário, aos estados saturninos da alma, à miséria e falibilidade físicas, à impureza ou imanência do corpo -isso já fora levantado por críticos como Massaud Moisés (1979) e Ivan Junqueira (2000). 3 É certo, como nota Alfredo Bosi (2002), que não é possível separar as convenções literárias e suas releituras simbolistas das suas implicações histórico-sociais -no nosso caso, o de um país que se constrói por meio da racialização escravista, de sujeitos transformados em mão de obra explorável, corpos postos à disposição da máquina colonial europeia.…”
Section: Do Materials Ao Etéreounclassified
See 1 more Smart Citation
“…O branco tende a fixar seu sentido nas conotações de pureza, de transcendência; o negro, ao contrário, aos estados saturninos da alma, à miséria e falibilidade físicas, à impureza ou imanência do corpo -isso já fora levantado por críticos como Massaud Moisés (1979) e Ivan Junqueira (2000). 3 É certo, como nota Alfredo Bosi (2002), que não é possível separar as convenções literárias e suas releituras simbolistas das suas implicações histórico-sociais -no nosso caso, o de um país que se constrói por meio da racialização escravista, de sujeitos transformados em mão de obra explorável, corpos postos à disposição da máquina colonial europeia.…”
Section: Do Materials Ao Etéreounclassified
“…discute sobre o poeta desde Araripe Jr. (1963), dão indicações notadamente no sentido de ler a poesia souseana em uma perspectiva não provinciana e pouco afeita a subsumir o poeta frente a seus contemporâneos e especialmente a suas referências de além-mar. Algo semelhante se pode dizer de textos mais recentes, como os de Alfredo Bosi (2002), Antonio Carlos Secchin (2018), Davi Arrigucci Jr. (1999), Ivan Junqueira (2000 e, especialmente, o estudo de largo fôlego de Cuti (2009). São estudos que buscam, sem negar a profunda verdade da poesia souseana -"verdade" no sentido em que Michael Hamburguer (2007) pensa a poesia moderna -, especialmente a de uma singular voz de um poeta simbolista negro em um país escravocrata, pensar seu sentido desestabilizador e original, enfeixando e combinando caleidoscopicamente temas e tons da poesia moderna de Baudelaire, da reflexão cosmológica de Antero de Quental e da filosofia de Schopenhauer, entre muitos outros.…”
unclassified
“…Por esse viés, é possível compreender que a citação de Cruz e Souza revela uma condição na qual o emparedado encontra-se enclausurado e sufocado pelos muros de uma sociedade regida pelo ideário de grupos étnicos superiores e inferiores. Dentro desse cenário complexo, é possível vislumbrar um fenômeno de "resistência cultural pelo qual o drama de uma existência, que é subjetivo e público, ao mesmo tempo, sobe ao nível da consciência inconformada e se faz discurso [...] na história objetiva da cultura" (Bosi 2002).…”
Section: A Realidade Cruel Em O Estranhounclassified
“…O muro que se ergue em torno do indivíduo negro e que o sufoca pode ser percebido em contrapartida por outro viés: aquele que "protege" a sociedade da realidade, ou seja, dos aspectos contraditórios que a constituem e que, uma vez revelados, podem abalar os alicerces dos status quo. Em outras palavras, é mais fácil manter as aparências e negar que o "Emparedado é, dilaceradamente, o corpo que vive sob o império da carne, do sangue, da raça, e entre os muros de uma sociedade que é pura réplica da selva darwiniana" (Bosi 2002). Se a filosofia é considerada "uma teoria do real", visto que ela resulta de um olhar interpretativo, interrogatório, mesmo criativo, sobre as coisas, a atividade filosófica, por sua vez, julga que as "coisas são verdadeiras em seu detalhe", mas "duvidosas em seu conjunto" (Rosset, 1989).…”
Section: A Realidade Cruel Em O Estranhounclassified
“…Vale acrescentar, ainda nas palavras do mesmo crítico em percuciente ensaio, que Compondo a prosa poética do "Emparedado", que fehca o livro das Evocações, foi possível a Cruz e Sousa lançar o seu protesto contra os argumentos da ideologia dominante no discurso antropológico. Trata-se de um fenômeno notável de resistência cultural pelo qual o drama de uma existência, que é sobretudo subjetivo e público ao mesmo tempo, sobe ao nível da consciência inconformada e se faz discurso, entrando, assim, de pleno direito, na história objetiva da cultura 25 .…”
Section: Mário De Andradeunclassified