Irmão Lélio, Irmã Lina: incesto e milagre na "Ilha" do Pinhém

Abstract

FAZENDA do Pinhém é um pouco ilha e um pouco universo, ela tanto se isola, como um lugar florescente no meio de um mar ruinoso, como se basta, quase fechada, aparentemente independente de contatos, embora estes existam e a ameacem. Ela contrasta com relação ao resto dos gerais, onde tudo é bruto e pobre, tanto o lugar como os seres que sobrevivem nele: "a terra e o pasto pobrejam tanto, que o gado deixado lá às vezes nem cresce, fica de ossos moles, se entortando, no tempo-das-águas em muitos lugares tinham de descer com ele para as caatingas". Nesse meio, o Pinhém é um lugar abençoado, tudo nele, naturalmente, é fecundo e propício à vida, liberando assim o homem para outras preocupações além do trabalho, como para o prazer e o amor:

A infância e a velhice: percursos em Manuelzão e Miguilim

“…Ela é, na verdade, tia de Nhãnina e tia-avó das crianças. Segundo Roncari (2001), a origem de seu nome parece vir de zygía, "a que une" e remeteria ao seu papel de protetora e mantenedora da ordem familiar. "Sem Vovó Izidra a casa ainda ficava mais alegrada."…”

As múltiplas faces de a hora e vez de Augusto Matraga e suas duas traduções italianas

“…Aparentemente, portanto, estamos nos defrontando com o conceito de do solo e mensageira da graça divina nas religiões primitivas. É possível atribuir ao termo chuva uma relação com graça, se atentarmos para o fato de que chuva somente será utilizado novamente na passagem abaixo, em que Nhô Augusto percebe que seu enorme sofrimento físico e moral está terminando: A dissertação de mestrado de Almeida apresenta uma cuidadosa análise da relação da vida das personagens de Sagarana com as estações do ano(ALMEIDA, 1989).Também Roncari chamou a atenção para o fato de A estória de Lélio e Lina transcorrer pelo período de um anoum ciclo completo da naturezadurante o qual os humores naturais das personagens se encontram sujeitos e sintonizados com as estações(RONCARI, 2001b). formular o raciocínio de que, embora afundado em pecados, Nhô Augusto ainda tem a possibilidade de alcançar a graça, sob a condição de que venha a praticar o bem que o faria merecedor dela, pois a canção não explicita se ela sempre vem, mas simplesmente diz que não sabemos quando virá, implicitamente incluindo a possibilidade de que nunca venha.…”

“…É possível ver em A hora e vez de Augusto Matraga a desagregação da família patriarcal de Nhô Augusto como representante da sociedade autoritária brasileira desagregada, mostrando-nos que, ao fim e ao cabo, uma sociedade desta forma estruturada leva ao mesmo beco sem saída ao qual chegara Nhô Augusto, antes de ser simbolicamente morto pelos jagunços do major Consilva. As batalhas entre famíliascomo as de Afonsão com Matraga, que nada mais são do o prolongamento da luta que vinha sendo travada entre Afonsão Esteves e o major -se originaram no período colonial, perduram até hoje e são decorrência natural da estrutura familiar patriarcal, assim descrita por Maria Isaura Pereira de Queiroz:A família patriarcal também aparece em A estória de Lélio e Lina(RONCARI, 2001b). Seo Senclér, o proprietário do Pinhém, como Nhô Augusto, é típico representante da família patriarcal brasileira, cujo chefe tem relações com outras mulheres para sua vida sexual (prostitutas e amantes escravas ou das camadas pobres), mas tem em casa a mulher parideira, guardiã do lar, de forte fibra, que se incumbe da educação das filhas mulheres até o casamento e divide com o marido a educação dos filhos homens; estes recebem da mãe os primeiros cuidados e a formação religiosa, portanto a educação na esfera privada e do pai recebem os ensinamentos para, na esfera pública, comandar, enfrentar a dura realidade da vida sertaneja, ser um macho.É possível traçar um paralelo entre as personagens Nhô Augusto e Seo Senclér, por meio do qual fica evidente a estratégia literária empregada pelo autor na abordagem da questão brasileira.…”