Pré-adolescentes em psicoterapia: capacidade de mentalização e divórcio altamente conflitivo dos pais

Abstract

O foco deste estudo foi a capacidade de mentalização de pré-adolescentes, no contexto dos rompimentos de vínculos resultantes da separação conjugal altamente conflitiva, bem como a possibilidade de desenvolvimento da capacidade de mentalização no processo terapêutico. Esses conceitos vêm sendo elaborados com base na vertente psicanalítica da teoria do apego, nas contribuições de alguns teóricos das relações objetais, especialmente Bion e Winnicott, e na Psicologia Cognitiva. Foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, baseado no procedimento de Estudos de Casos Múltiplos. Os participantes - dois pré-adolescentes e seus pais - foram atendidos em uma clínica-escola na Região Sul do Brasil. A capacidade de mentalização desses participantes foi avaliada antes e depois de cinco meses de psicoterapia. Os principais resultados apontaram a capacidade de mentalização limitada ou ausente no início da psicoterapia, e mudanças na função reflexiva e capacidade de mentalização após os primeiros cinco meses de atendimento.

Mentalização em Professoras de Berçário

“…Analisou-se a transcrição da Entrevista de História de Vida e Relações Atuais através do Checklist for the clinical assessment of mentalizing elaborado por Bateman e Fonagy (2006Fonagy ( , 2016. Utilizou-se uma adaptação e tradução para o português brasileiro deste Checklist (Viegas & Ramires, 2012) que avalia a capacidade de mentalização em quatro contextos: "em relação aos pensamentos e sentimentos de outras pessoas", "percepção do próprio funcionamento mental", "representação do self" e "valores e atitudes gerais". Trata-se de um instrumento de avaliação clínica que requer tempo e conhecimento para ser utilizado, o que impede sua utilização em grande escala.…”

Capacidade De Mentalização Materna E Prematuridade: Repercussões De Uma Intervenção Em Utin

“…A função reflexiva, uma aquisição desenvolvimental, resulta da qualidade do vínculo primário mãe-bebê, que permite à criança responder aos atos alheios, significando-os e compreendendo o que ocorre na mente dos outros (Viegas & Ramires, 2012); já a capacidade de mentalização evoluirá a partir da função reflexiva, pelo processo de o bebê ter experimentado a si mesmo na mente do outro na infância, num contexto de apego seguro, consistindo na capacidade para compreender a si próprio e o comportamento alheio em termos de estados e intenções mentais, sendo a base da autorregulação das emoções (Bateman & Fonagy, 2006;Viegas & Ramires, 2012).…”

"Uma dor pela outra"

“…Já a mentalização, contrapõe a ideia de pensamento operatório, o que talvez possamos chamar de um maior nível de desenvolvimento psíquico, que fora também cunhado por Pierre Marty. Podemos talvez, correlacioná-la para este recorte que nos propomos, também ao que fora dito sobre a função alfa e, como afirma Viegas (2009), a mentalização é a antítese do pensamento operatório e do acting out (um impulso disrruptivo como ele afirma) assim como da alexitimia, descrevendo-a como A mentalização envolve a capacidade de transformar impulsos em sentimentos e representar, simbolizar, sublimar, abstrair, refletir e extrair significado deles. (....) Num extremo repousariam as excitações libidinais não mentalizadas, que emergiriam caoticamente como somatizações, comportamento violento e auto-mutilações (VIEGAS, 2009, p.54).…”

“…Esse trabalho de Viegas (2009) ainda corrobora com nosso intento anterior de convergir alguns termos psicanalíticos, e apoia a teoria de Bion sobre a necessidade de uma mãe continente para o desenvolvimento dessa capacidade, que ele definiu como pensamento.…”