Coalizões Sul-Sul e multilateralismo: Índia, Brasil e África do Sul

Abstract

Este artigo busca analisar as razões motivadoras da parceria no jogo das negociações comerciais multilaterais. O objetivo é contribuir para a compreensão mais ampla sobre as bases (doméstica e internacional) do processo de constituição de coalizões internacionais, ou parcerias, de tipo Sul-Sul no novo contexto da agenda multilateral. Tal processo tem ocupado papel central na dinâmica das negociações multilaterais e regionais de comércio, particularmente no que tange às perspectivas do reequilíbrio de forças centro-periferia do sistema internacional. A reabertura de uma nova rodada de negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco justamente nos novos desafios temáticos sobre comércio internacional e caminhos para o desenvolvimento, reintroduz a centralidade do papel das coalizões e alianças de tipo Sul-Sul. Este artigo analisa a convergência e divergência de interesses comerciais entre Brasil, Índia e África do Sul, dentro do quadro de interesses político-estratégicos mais amplos, mostrando que os aspectos meramente comerciais não dão conta de explicar os tipos de alinhamentos produzidos no interior da arena multilateral de comércio.

The Economic Face of International Co-operative Arrangements: The Cases of IBSA and CPLP

“…As for the axis concerning the external positioning of these states, Oliveira, Onuki and Oliveira (2006), after analysing countless votes in multilateral arenas, point to the different degrees of convergence generated by the coalition in the various global agendas, with some fronts of action demonstrating a significant increase of this conformation of interests after the group's formation, as in the commercial area.…”

“…Particularly on the India-Brazil-South Africa Dialogue Forum, much of the debate focuses on the role played by the medium powers in the formation of horizontal co-operative arrangements and on setting up the preferences of these agents considering the contemporary international architecture (Guimarães 1998;Ramanzini, Mariano and Almeida 2015;Leite 2011;Saraiva 2007;Lima 2009). There are also those who have tried to understand the origin of this arrangement (IBSA), the singularities of these countries (Faria, Nogueira and Lopes 2012), and the convergences of interests among them, as well as the coherence between the parties in their positions in international organisations (Oliveira, Onuki and Oliveira 2006;Moura 2008).…”

Determinantes do sucesso e fracasso das coalizões internacionais nas negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC)

“…Em segundo lugar, que tenham peso externo, como, por exemplo, o Grupo de Cairns e a Café au lait. Nesta linha, alguns trabalhos têm partido do princípio de que a convergência de interesses materiais gera coalizões coerentes, utilizando este pressuposto para criticar ou recomendar que as coalizões sejam criadas segundo interesses materiais comuns (por exemplo, países exportadores agrícolas) ao invés de razões ideológicas (por exemplo, terceiro-mundismo) (Constantini et al, 2007;Oliveira, Onuki e Oliveira: 2006).…”

“…No que se refere à importância de afinidades materiais ou ideológicas para a formação de coalizões coerentes, outros estudos já procuraram analisar estas relações de maneira quantitativa (Constantini et al, 2007;Oliveira, Onuki e Oliveira: 2006). Não temos, portanto, a intenção de replicar estes esforços, tirando energia do objetivo central desta pesquisa: examinar quais características das coalizões são mais conducentes ao sucesso ou ao fracasso nas negociações do GATT/OMC.…”

Coalizões Internacionais e o G-20: aspectos da liderança brasileira na rodada Doha de desenvolvimento da OMC

“…Durante a década de 1960, as premissas teóricas de Riker também foram revistas e ampliadas pelo cientista social americano William Gamson. Este afirmava que os atores de uma determinada coalizão também se pautavam por afinidades político-ideológicas na formação da mesma, definidas por ele como preferências não utilitárias 9 . Gamson parte da hipótese de que "qualquer participante [de uma coalizão] irá esperar que os outros…”