“…As opções políticas do Estado, em particular a oposição às políticas de molde racial, provocaram o distanciamento e a erosão nas relações externas com os estados vizinhos, sobretudo com a África do Sul e a Rodésia do Sul (atual Zimbabwe), principais utentes da sua estrutura de serviços de transportes, com graves repercussões econômicas para Moçambique (COSTA, 2007, p. 75;MENDES, 1985, p. 65). Posteriormente, o apoio destes países, sob regimes de segregacionismo racial, à oposição e resistência ao governo instituído em Moçambique -que se traduziu na fundação da RENAMO em 1976(MACAGNO, 2009 e no apoio da FRELIMO aos movimentos de oposição nesses países (ANC e ZANU, respetivamente) -aprofundou a crise econômica e social em Moçambique, com a devastação das infraestruturas de produção e a fuga da população das zonas rurais para as grandes cidades, mais seguras e distantes do conflito armado (NEWITT, 2012, p. 478-480). Assim, nos centros urbanos, as infraestruturas sociais e de serviços públicos, nomeadamente no ensino e nos cuidados primários de saúde, entraram em ruptura 6 , o desemprego disparou e o abastecimento de alimentos diminuiu drasticamente, uma vez que no mundo rural a produção agrícola tinha sido interrompida com o abandono das propriedades pelos seus donos, por razões diversas.…”