2002
DOI: 10.1590/s0102-69092002000300009
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Entre convenções e discretas ousadias: Georgina de Albuquerque e a pintura histórica feminina no Brasil

Abstract: O mundo artístico brasileiro esteve, durante grande parte do século XIX, pautado pela referên-cia à Academia Imperial de Belas Artes e ao sistema de valores artísticos por ela propagados.1 Por muito tempo, a pintura histórica foi concebida como o mais importante gênero, impondo-se sobre aquelas faturas menores, como o retrato, a natureza-morta, a paisagem etc. Entre os artistas nacionais que se dedicaram ao gênero não há sequer um nome feminino até 1922, ano emblemá-tico, ao menos segundo uma historiografia da… Show more

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“…Geralmente as mulheres que estudavam na Escola Nacional de Belas Artes, restringiam-se à matéria mais elementar: desenho de ornatos. Eram pouquíssimas as que ousavam seguir adiante, inscrevendo-se nos ateliês de pintura e escultura (SIMIONI, 2002…”
Section: Cursos De Especialização Em Desenho E Artes Industriaisunclassified
“…Geralmente as mulheres que estudavam na Escola Nacional de Belas Artes, restringiam-se à matéria mais elementar: desenho de ornatos. Eram pouquíssimas as que ousavam seguir adiante, inscrevendo-se nos ateliês de pintura e escultura (SIMIONI, 2002…”
Section: Cursos De Especialização Em Desenho E Artes Industriaisunclassified
“…O estilo academicista, que dominou a pintura brasileira durante todo o século XIX, se caracteriza por uma valorização de temas históricos, em que sobressai o herói masculino, sempre pintado de modo definido, ressaltando sua impetuosidade e virilidade. A ausência de mulheres entre os artistas da corrente se deve tanto ao seu caráter de "obra de exposição", sendo a pintura feminina tradicionalmente associada à decoração doméstica, quanto ao tipo de estudo necessário para a sua realização, interditado às mulheres por demandar treinamento com modelos nus, indispensável para o grau de detalhamento anatômico com que se devia demonstrar a força de seus heróis (Simioni, 2002).…”
Section: Introductionunclassified
“…Pode-se acrescentar a essas características o intenso colorido alaranjado, além das fortes pinceladas sem preocupação com a perfeição de acabamento ou ilusão de realidade, que aproximam a obra do estilo impressionista em voga na Europa desde o final do século XIX. No entanto, a temática histórica, o modelo de enquadramento dos personagens, a dimensão do quadro e a preocupação com a fidedignidade dos rostos são características inquestionavelmente acadêmicas, o que faz com que a Sessão do Conselho de Estado tenha de ser classificada como uma solução de compromisso entre a temática acadêmica e o estilo impressionista, a caracterizar a "discreta ousadia" (conforme a expressão de Simioni, 2002) de sua autora -conservadora na linguagem, audaz na subversão social e estética do gênero.…”
Section: Introductionunclassified
“…Dar visibilidade às camadas populares, não somente denunciando as desigualdades sociais, mas também valorizando a cultura desses segmentos marginalizados, especialmente na representação de pessoas negras de forma positiva, estava na contramão da política de construção da identidade nacional do período. Segundo Silva (2017), na década de 1930 ainda predominava a política de branqueamento 125 no Brasil, reforçada pelo conceito de democracia racial formulado por Gilberto Freyre, o qual buscava construir uma narrativa identitária negando a existência do racismo e mobilizando estratégias de branqueamento da população. A estratégia de branqueamento objetivava refutar a contribuição dos povos negros, considerados inferiores culturalmente, para incutir neles os valores nobres dos ditos "brancos", tendo como ponto de referência a Europa.…”
Section: A Arte Moderna Tida Como "Comunista"unclassified
“…Trata-se da articulação da Independência do Brasil. Na cena, a Princesa Leopoldina é representada como a grande articuladora desse marco histórico(SIMIONI, 2002).1941Os professores de desenho sempre foram escolhidos, em grande maioria, entre os artistas pintores ou escultores, pois raríssimos eram os mestres que se animavam ao ensino dessa disciplina que, diziam, somente acessível aos eleitos da natureza. A horrível perspectiva dos fracassos afastou definitivamente os poucos que eram versados em assuntos pedagógicos, para entregar o ensino aos artistas, muito mais artistas do que professores.…”
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