RESUMOEste artigo faz uma breve discussão a respeito das dificuldades enfrentadas por professores de línguas em encontrar seu espaço, reconhecer sua identidade, seu papel e o dos seus alunos no contexto de sala de aula. Além disso, propõe um diálogo acerca da dicotomia teoria e prática na construção de uma abordagem pedagógica.
INTRODUÇÃOEra uma vez uma professora de língua estrangeira que acabara que retornar de seu curso de mestrado, direto para a sala de aula de um 3o ano do ensino médio.Disciplinada, disposta e, na verdade, cheia de vontade de arregaçar as mangas e trabalhar com aqueles que são o motivo de seus estudos, a razão dos seus dois anos de dedicação no curso de especialização, a professora não via a hora de começar a colocar em prática todos os ensinamentos que aprendera durante sua graduação e mestrado.Mas qual não foi a sua surpresa quando, nas duas primeiras semanas de aula, começa a ser desvelada, diante de seus olhos, a dura realidade da profissão: a universidade está longe de preparar o professor para o que está por vir e, ao pisarmos na sala de aula, nos damos conta de que muito do que aprendemos na academia não parece ter serventia e de que um longo, desconhecido e novo processo de aprendizagem está só começando.
Nos conta a professora:Estou com uma turma que é formada de adolescentes (...) são alunos da turma mais problemática da escola (...) têm tudo o que querem e estão fazendo inglês também porque querem. No entanto, vêm para a sala de aula somente para conversar, rir, fazer bagunça e nada que se faça interessa a eles (...). Eu tentei, já nessas duas semanas, me tornar amiga deles, não funcionou. Tentei fazer com que se sentissem à vontade comigo, fazê-los conversar sobre qualquer coisa na sala de aula, desde que fosse em inglês, também não funcionou. Bom, semana passada eles conseguiram me tirar do sério. Aí, tive que apelar para a coordenação e tivemos uma conversa séria, mas também não funcionou.