RESUMO:O período da escravidão é entendido por intelectuais brasileiros entre os séculos XIX e XX, como um momento "torpe" da nossa história, reconfigurada, porém, essa visão ainda persiste, no período pós-escravocrata. Dentre estas, destaca-se a de Manoel Bomfim (1868-1932) e o seu "A América Latina: males de origens" (1905). Bomfim argumenta que o trabalho escravo, implantado na América do Sul, pelas metrópoles Ibéricas, estava estreitamente ligado ao processo parasitário dessas nações. A tese do "parasitismo social" é central na obra desse autor, pois é a partir dela que ele elabora uma interpretação ancorada nas noções de 'dominador' e 'dominado', tendo a ela subjacente a idéia de compreender os processos formadores da nacionalidade dessas sociedades. A condição imposta pelo trabalho escravo gerou efeitos desastrosos a essas nações, trazendo à baila implicações históricas perniciosas a sua "vida econômica, política, social e moral", pois, a esses indivíduos, era negada a realização de um "trabalho inteligente", na medida em que não se proporcionou uma educação para a criação de uma "população agrícola rural, ativa, laboriosa, educada e fortalecida pelo trabalho". O argumento central deste artigo é o fato de que esses "efeitos gerais" causados pelo "parasitismo" influenciaram o descompasso existente entre as nações Sul-Américas e as nações denominadas "adiantadas", sendo a educação o diagnóstico que minimizaria esse hiato. Palavras-chave: Intelectuais. Educação. Trabalho e parasitismo social.