Imagem, história e semiótica

Abstract

Basta um olhar atenta ao redor para reconhecer a ação das imagens. Elas passeiam -plebéias[ mas altivas -por todas as cidades. Imagens simulam situações possíveis que são úteis para as realizações científicas. Nossa identidade depende do retrato na carteira que afinal nos certifica, autoriza e constrói. Além de muito mais.Para entendermos o que a imagem faz, é preciso ir além do que parece ser correspondência ponto-a-ponto e imitação realista e fidedigna. Representações remetem a representações, duplicando-se até se multiplicarem ao infinito, deixando os referentes[ os estados de coisa[ as atualidades, para trás. Esse é o itinerário da experiência social contemporânea: mesas de fórmica imitam madeira; o plástico oferece-se a qualquer forma: é o grau zero da matéria; fossilizamos andorinhas e pingüins em porcelana; corantes dão a refrigerantes a aparência mais que perfeita de uva ou larania. A duplicação obssessiva das imagens nos afasta dos referentes, purificando nossa experiên-cia até a alucinação.'A imagem torna-se mais que real; a natureza é reduzida à aparên-cia da aparência. O objeto representado passa a ser um mero pretexto que procuramos esquecer. Obcecados pelo realismo, podemos discutir inutilmentea autencidade da imagem até que nossos discursos nos anestesiem. Assim, nos acostumamos à perda do referente. A realidade atual, física e concreta que nos chega aos sentidos passa a ser de uma irrealidade vertiginosa que temos dificuldade em admitir.Só é real aquilo que for traduzido em imagens. Quando uma noiva entra numa igreja, a marcha nupcial não é encenada apenas para os convida- 11Anais do Museu Paulista Nova Série NQ 1 1993

O auto de São Benedito e as relações étnico-raciais no território quilombola de Helvécia (BA)

“…Por meio da imagem, a identidade cultural se (re)constrói, haja vista que as imagens podem ser consideradas registros marcados pelo tempo. Para Neiva (1993), "a antologia da imagem deve conciliar as dimensões temporais do presente e sua passagem para o passado, bem como aquilo que nos vem do passado para o presente" (p. 13). Ainda, na compreensão do teórico, "as imagens estruturam historicamente formas -ainda que perecíeis da experiência humana.…”

“…Ao encenarem um círculo coletivo, esse como representação da crença e de saberes religiosos compartilhados, os quilombolas levam os interpretantes da cena a questionarem a vida após a morte, exatamente quando um anjo (anjo negro, distante dos padrões apresentados de anjos brancos, com olhos azuis ou verdes) entra em cena, levando o santo Benedito ao céu. Na compreensão de Neiva (1993), "as imagens purificam o real por toda parte, a ponto de serem uma representação que escapa dos limites corpóreos; por outro lado, é restrito o exame institucional dos princípios que governam as imagens" (p. 12).…”

“De Repente, a Esperança”: Análise Semiótica de uma Capa da Revista Noticiosa The Economist

“…Then, analyzing the cover of The Economist, following Neiva (1993) concept, which demonstrates the importance of the image, there is no reality without it. Observing it at the light of Peirce's triadic division, "anything which determines something else (its interpretant) to refer to an object to which itself refers (its object) in the same way, the interpretant becoming, in turn, a sign, and so on ad infinitum" (Peirce, 1960(Peirce, , p. 2303.…”

Apresentação do Dossiê nº 14: Iconografia e cultura material da morte no Mundo Antigo

“…Notamos que em ambos os artigos os autores vão muito além da interpretação iconográfica como um mero vetor semiótico (Meneses, 2003(Meneses, , 2005Neiva, 1994). A natureza discursiva da imagem, abordada por Pellini e Duarte em contextos situacionais próprios, evidencia o caráter de enunciado da imagem, cujos significados só são apreendidos pela interação social e pela produção de sentidos mobilizados em determinado tempo, espaço e lugar, por agentes e performances específicas.…”