Lições de coisas: concepção científica e projeto modernizador para a sociedade

Abstract

O objetivo deste artigo é compreender alguns aspectos da cultura escolar, assinalando a seleção de valores culturais, econômicos e educacionais operada pela instrução escolar, com base na análise de manuais didáticos para uso de professores, elaborados nas décadas finais do século XIX e fundamentados no Método de Ensino Intuitivo ou Lições de Coisas. Embora expressem a mesma fundamentação filosófica, os manuais apresentam diferentes procedimentos para o ensino dos conteúdos escolares que se configuram como visões específicas do progresso científico. Vinculados ao projeto modernizador da sociedade, em curso no século XIX, as diferenças apresentadas pelos manuais nos informam sobre as diversas vertentes constitutivas desse projeto.

Cartas E Postais Como Referência Em Problemas No Livro De Aritmética De Otto Büchler

“…Justamente pelo fato de fazerem parte da vida cotidiana dos sujeitos na sociedade moderna e constituírem parte de práticas usuais de pessoas destacadamente afeitas ao mundo da leitura e da escrita. Corresponderia, desse modo, ao principio intuitivo a ser considerado para a aprendizagem das crianças -o que elas conheciam, coisas integrantes de seu mundo vivido (VALDEMARIN, 2004(VALDEMARIN, , 1998PINTO;VALENTE, 2016;CALKLINS, 1871). Na parte quatro desse livro, ainda dimensionando a aritmética, o autor afirma:…”

A intuição como fundamento do ensino das artes em tempos de revisão paradigmática

“…-mai./ago. 2015ISSN 1983 (VALDEMARIN, 2000;VALDEMARIN, 2004). As ideias, práticas e dispositivos vinculados ao método intuitivo foram irradiadas pelo país segundo demonstram alguns estudos comparativos (VALDEMARIN, TEIVE & HAMDAN, 2013).…”

Aprendendo a ser professor(a) no século XIX: algumas influências de Pestalozzi, Froebel e Herbart

“…(PESTALOZZI, 2006a, p. 124) Em resumo, vale ressaltar que os textos pedagógicos europeus em circulação durante o século XIX foram organizados por uma variedade de propósitos educativos (ou formativos) para a população que deveria frequentar a escola primária. Geralmente, representavam o mestre/educador como a figura principal para a formação cultural de grupos ou formadores de determinada parte da sociedade (HA-MILTON, 1989;VALDEMARIN, 2000). Nesse caso, é possível dizer que a escola (primária) passou a ter o papel de divulgadora diferenciada da cultura entre a população.…”