RESUMO:A tradição do pensamento místico se remete às origens da Idade Média, quando os textos platônicos são lidos por mestres cristãos. Pseudo-Dionísio Areopagita, autor da Teologia Mística, é um dos continuadores do neoplatonismo pelo viés religioso e, nesta obra, trata do princípio de negação que compreende Deus apenas pelas negações do que Ele não é. Em Mestre Eckhart, a questão sobre a natureza divina se torna também uma compreensão sobre o ser que transcende para o não-ser. O mestre renano desenvolve a partir das bases da teologia negativa e propõe uma ontologia a partir do conceito de deidade (Gottheit), que trata o Uno retirado de toda e qualquer forma a ponto de identificar-se com o próprio Nada.
ABSTRACT:The tradition of mystical thought refers back to the origins of the Middle Ages, when the Platonic texts are read by Christian thinkers. Pseudo-Dionysius the Areopagite, author of Mystical Theology, is one of the continuators of neo-Platonism by religious way, and in this work deals with the principle of denial that understands God only by the denials of what He is not. In Meister Eckhart, the question of the divine nature also becomes an understanding of being that transcends non-being. The rhenish master develops from the foundations of negative theology and proposes an ontology from the concept of deity (Gottheit), which treats the One withdrawn from any and each form, even identifying itself with Nothingness.
KEYWORDS:Negative Theology, Pseudo-Dionysian the Areopagite, Meister Eckhart, Medieval Christian Mysticism, Nothingness.
Os chamados neoplatônicos, que seguiam uma leitura de Platão focada no diálogoParmênides com a correlação do ser e do Uno, tematizam uma teologia (theología) capaz de indicar a relação entre a alma e o divino (CARVALHO, 1996, p. 33). O inteligível se perfaz no sensível sem misturar-se a ele; o conhecimento busca, então, atingir a ideia pura através da união da alma em essência com o transcendente que escapa de toda corporeidade e contingência. Os representantes máximos do neoplatonismo são Plotino (+270) e Proclo (+487), contudo é Pseudo-Dionísio Areopagita quem extrai do neoplatonismo o fundamento de uma