ResumoIntrodução: Há três décadas, iniciou-se a implementação de políticas visando à desconstrução de um modelo de atenção em saúde mental centrado no hospital e que permitisse gradativamente à Atenção Básica romper a dicotomia entre ações de saúde coletiva e atenção individual. Permanece campo de interesse avaliar o trabalho das equipes da Estratégia da Saúde da Família na Atenção Básica focado nas demandas dos doentes mentais graves e de seus familiares. Objetivos: configurar histórias da doença de portadores de esquizofrenia e seu percurso na busca do atendimento na Atenção Básica. Métodos: Estudo qualitativo realizado, por meio de relato de caso, em três Unidades Básicas de Saúde de Fortaleza-Ceará que haviam passado pelo Matriciamento, com dados coletados em visitas domiciliares com portadores de esquizofrenia utilizando-se entrevistas em profundidade para configurar histórias de vida. Resultados: Os achados refletem a desorganização e a incomunicabilidade de instâncias prestadoras de serviços de saúde, a demora na identificação dos casos emergentes, a falta de agenda nos atendimentos, ausência de individualização do sujeito e necessidade de maior preparo dos profissionais para o desafio de tratar portadores de esquizofrenia na Atenção Básica. Conclusão: As práticas de Saúde Mental, numa perspectiva mais compreensiva, ainda estão à espera de uma inserção mais nítida e operante dentro da Atenção Básica.
AbstractIntroduction: Three decades ago, there began the implementation of policies aiming at the deconstruction of a model in mental health care centered in the hospital so as to allow the Primary Health Care gradually break the dichotomy between public health actions and individual attention. However, it remains important to evaluate how the teams of the Family Health Strategy have been working in primary care demands of patients with severe mental illness. Objectives: To configure the history of illness of schizophrenic patients and the route taken in the pursuit of meeting their demands in Primary Care. Methods: A qualitative study carried out in three Basic Health Units in Fortaleza-Ceará that had passed through the matricial process, with data collected in home visits with schizophrenic patients using in-depth interviews to set up life stories. Results: The findings reflect the disorganization and the lack of communication instances that should provide health, expose the delay in identifying the emerging cases, the lack of agenda, lack of individualization of the subject and the needs for better preparation of professionals in the challenge of treating patients with schizophrenia in Primary Care. Conclusion: Mental Health practices, in a more comprehensive approach, are still waiting for a clearer and operative inclusion within Primary Health Care.