Aspectos sociodemográficos da soroprevalência de marcadores do vírus da hepatite A no povoado de Cavunge, região do semi-árido do Estado da Bahia

Abstract

A hepatite A costuma ser assintomática e apenas cerca de 20% dos casos desenvolve doença clinicamente manifesta, com graus variáveis de gravidade. Ocorre esporadicamente ou de forma epidêmica e a disseminação viral ocorre, sobretudo, em ambientes com precárias condições sociohigiênicas 2 .A infecção é mais freqüente na infância, especialmente entre os menores de 5 anos de idade 6 . Em conseqüência disto e das características da transmissão do vírus da hepatite A (VHA), a melhoria dos indicadores de desenvolvimento humano tem grande impacto sobre a disseminação e transmissão viral 7 .O diagnóstico laboratorial da infecção pelo VHA se faz na fase aguda, com a pesquisa dos anticorpos IgM anti-VHA, os quais tem títulos elevados até a 4ª e a 6ª semana pós-infecção e que desaparecem após o 4º mês do início da mesma 5 ABSTRACTIn Cavunge community, a rural pvillage of the dry tropic in Bahia State, Brazil, a sentinel study on viral hepatitis was developed to characterize the seroprevalence of hepatitis A. The presence of IgG anti-HAV was analyzed in 891 citizens and 85.9% were positive. The prevalence was similar between genders and increased with age. Key-words: hepatitis A virus. Epidemiology. Serological markers of hepatitis. Cavunge. Bahia. perceptíveis desde o início do processo infeccioso e que perduram por longo tempo, ou por toda a vida 9 . Por conta desta característica do anti-VHA IgG e pelas características associadas à transmissão do VHA, foi planejado o estudo de soroprevalência na população do Povoado de Cavunge (município de Ipecaetá, Estado da Bahia), onde também a investigação das condições sanitárias e ambientais permite avaliar possíveis inter-relações com aquela infecção viral. MATERIAL E MÉTODOSO estudo seccional de base populacional foi realizado no ano de 2000. A população de referência é de 2.049 pessoas, com idades entre 7 dias e 95 anos. Aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram o termo de consentimento

Prevalence of hepatitis A virus infection: the paradoxical example of isolated communities in the western Brazilian Amazon region

“…It is quite odd to have to explain the presence of outside toilets as a risk factor for hepatitis A, but other studies have shown similar results in northeastern Brazil 1 . We believe that, since the soil is very wet and flooded, the few existing toilets (which are not properly built) actually feed the land and the neighbors' backyards with viruses and parasites, for instance after heavy rain.…”

“…Recently, a very heterogeneous scenario regarding HAV infection has been demonstrated, with rural areas showing infection rates lower than urban regions 1 . Furthermore, intermediate patterns have been described in isolated poor communities, just as we have described here 14 .…”

Investigação de surto de hepatite A no Município de Ibiracatu, Estado de Minas Gerais, Brasil, 2008

“…[12][13][14] Apesar da falta de saneamento, regiões rurais têm apresentado taxas de infecção mais baixas que regiões urbanas. 15,16 Na cidade de Limeira, São Paulo, Brasil, constatouse que 48,0% das amostras de água coletada de esgotos domésticos ao longo do período de estudo foram positivas para o vírus da hepatite A, evidenciando que a falta de tratamento adequado desse material antes da disposição no meio ambiente facilita o ciclo de contágio da doença. 17 Essas questões têm contribuído para mudar o perfil epidemiológico de uma doença que hoje se manifesta de forma esporádica, como surtos em cidades de pequeno e médio porte, assim como em escolas e creches, 8 …”

Inquérito soroepidemiológico sobre hepatites A e E em Cássia dos Coqueiros/SP, 2011 a 2013

“…(FOCACCIA et al, 1998) De uma forma geral, praticamente todos os estudos sobre hepatite A que foram levantados mostraram associação com a idade, uma evidência provável do efeito coorte. (ALMEIDA et al, 2006;ASSIS et al, 2002;BRAGA et al, 2009;CERAN et al, 2012;CIACCIA et al, 2012;DOMINGUEZ et al, 2007;FOCACCIA et al, 1998;OLIVEIRA, 2012;GOMES et al, 2011;KOZLOMSKI et al, 2007;KREBS et al, 2011;KURY et al, 2016;MARKUS et al, 2011;PEREIRA et al, 2006;PINHEIRO et al, 2015;PINHO et al, 1998;SAHA et al, 2009;VITRAL et al, 2012;VITRAL et al, 2014;WONG et al, 2004;XIMENES et al, 2008;ZAGO-GOMES et al, 2005) Como verificado em outros estudos, (ALMEIDA et al, 2006;ASSIS et al, 2002;BRAGA et al, 2009;CERAN et al, 2012;CIACCIA et al, 2012;DOMINGUEZ et al, 2007;FOCACCIA et al, 1998;OLIVEIRA, 2012;GOMES et al, 2011;KOZLOMSKI et al, 2007;KREBS et al, 2011;KURY et al, 2016;MARKUS et al, 2011;PEREIRA et al, 2006;PINHEIRO et al, 2015;PINHO et al, 1998;SAHA et al, 2009;…”

“…Outras duas investigações, uma levada a efeito no semiárido bahiano e outra em comunidades quilombolas no Mato Grosso do Sul, mostraram que a área rural apresentava menor prevalência que a urbana, possivelmente por esta última ter condições sanitárias extremamente desfavoráveis, tanto pela ausência de saneamento como pela grande aglomeração dos seus habitantes. (ALMEIDA et al, 2006;KOZLOWSKI et al, 2007) Em algumas situações, o isolamento da comunidade parece dificultar a introdução e circulação do vírus da hepatite A, fato este evidenciado pela presença de endemicidade intermediária em duas localidades amazônicas com baixas condições sanitárias e pertencentes a regiões onde a circulação viral se faz em níveis muito elevados. (BRAGA et al, 2009;VITRAL et al, 2012) Na situação específica de Cássia dos Coqueiros, a exemplo de outros municípios de porte muito reduzido, há que se considerar que a separação entre área rural e urbana é tênue pois a população flutua frequentemente entre essas áreas.…”