A perda auditiva é um dos distúrbios sensorioneurais mais comuns em seres humanos e acomete quase 10% da população adulta 1 .A etiologia das perdas auditivas pode ser congênita ou adquirida, sendo uma das adquiridas o uso de drogas ototóxicas, dentre as quais está a cisplatina 2-4 .Apesar de ser um antineoplásico bastante eficaz na terapia de vários tumores, é uma droga que apresenta alto grau de toxidade, podendo causar alterações renais 5 e auditivas, hepatotoxidade 6 , mielossupressão, neuropatia periférica e efeitos gastrointestinais, como náuseas e vômitos 7 .A cisplatina, por ser uma droga ototóxica, pode alterar total ou parcialmente a função coclear e/ou vestibular, por lesar estruturas sensoriais da orelha interna, principalmente pelo comprometimento das células ciliadas externas [3][4] . O mecanismo dessa lesão celular seria iniciado pela produção de radicais livres, que causaria depleção dos níveis de glutationa e da atividade de enzimas antioxidantes da cóclea, como a catalase, a glutationa peroxidase e a glutationa redutase, que levaria à peroxidação lipídica, resultando, assim, na toxidade celular [8][9] . Diversos estudos vêem sendo realizados no intuito de descobrir drogas que, associadas à cisplatina possam evitar ou diminuir seus efeitos tóxicos, sem, no entanto, diminuir sua eficácia antineoplásica, a exemplo dos agonistas da adenosina 10 , do extrato de ginko biloba 3 , da vitamina E 11 e da aminofostina, necessitando essa de mais estudos 4 .Os efeitos ototóxicos da cisplatina manifestam-se por uma perda auditiva, geralmente sensorioneural, simétrica, bilateral e irreversível 12-13 , podendo apresentar zumbidos associados 14 É de fundamental importância a monitorização da função auditiva nos pacientes submetidos ao tratamento com cisplatina 14,17 . Assim, é possível realizar a detecção precoce das perdas auditivas e/ou reavaliar a dosagem da droga sem, entretanto, reduzir sua atividade antineoplásica, com a finalidade de evitar maiores comprometimentos auditivos, antes que essas perdas atinjam a faixa de discriminação vocal.Além disso, é importante criar o perfil dessas perdas auditivas adaptadas à realidade de um hospital público do Nordeste, onde as condições socioeconômicas dos pacientes são adversas.Dessa forma, nosso estudo objetivou avaliar a evolução clínica e audiométrica dos pacientes submetidos à quimioterapia com cisplatina.