O significado do cuidar de crianca com câncer visão de enfermeiras

Abstract

do Va lle· ·· RESUMO -O compartilhar com enfermeiras que vivenciam o cuidado da criança com câncer levou-nos à proposta de um trabalho que desvelasse o significado desse cuidar. Utilizan do o método fenomenológico foram ouvidos os discursos de enfermeiras que atuam com crianças portadoras de câncer. A hermenêutica desses discursos revela que esse cuidar envolve duas facetas: -como a criança ; com câncer se mostra para a enfermeira; -o que significa o cuidar dessa criança. Esse conhecimento permite encontrar um caminho para a compreensão da criança acometida de câncer.ABSTRACT-Sharing experiences with nurses that assist the oncologic child led us make an investigation to clarify the meaning of this caring. The phenomenological method was used and we listened to such nurses speech. The hermeneutics of these speeches shows that this caring has two features: -how the oncologic child exibits himself to the nurse; -what this caring means to this child. This knowledge permits us find one way to unders tand the oncologic child. INTRODUÇÃOo trabalho e o contato diário com pacientes ter minais envolve sofrimento e dor. As dificuldades que o profissional de saúde encontra para compreender, li dar e avaliar o sofrimento, muitas vezes não são abor dadas ou elaboradas devidamente. Quando, nestas cir cunstâncias, o paciente é uma criança, parece que a problemática se toma mais crítica: o que falar, como falar, quando falar; dizer ou não a verdade; o que ela será capaz de compreender; como dizer aos pais; co mo apoiá-los?This inquietações são comuns entre enfermeiras que cuidam de crianças portadoras de cãncer. Por inú meras vezes tivemos a oportunidade de ouvir indaga ções bem como testemunhar a dor manifestada pelas enfermeiras quando do agravamento do estado de saú de de uma criança hospitalizada ou quando da morte de uma delas .• Prêmio Edith Magalhães Fraenkel . 10 lugar .o profissional é um ser humano e como tal pode apresentar as mesmas emoções que são geradas por uma doença crõnica ou fatal nos familiares: negação, minimização da doença, raiva e frustração pela limi tação da mesma e dos recursos disponíveis, sintomas depressivos, culpa, pensamento mágico, procura de so luções impossíveis ... A dificuldade de diálogo com o paciente, a irritação com ele e familiares, o seu enca minhamento inadequado, a super-proteção, entre ou tras manifestações, podem ser decorrentes da ameaça que o profissional possa sentir na sua onipotência, de vido aos recursos insuficientes que pode oferecer e po dem ser decorrentes também da dificuldade que ele possa ter para identificar e lidar com seus próprios sen timentos. (GAUDERER, 1981). Segundo ainda este au tor, a sensação inconsciente de culpa, que o profissio nal pode sentir ao fazer um diagnóstico grave ou fatal pode interferir na sua comunicação ao paciente ou fa mília, criando com isso tensões no relacionamento.

Estar: com os pais em seu vivenciar a doença do filho - uma perspectiva fenomenológica

“…"Agora não dá mais para a esposa traba lhar fora". (1) "Com a doença do filho o pai até voltou para casa". (6) "N6s quase não saímos mais".…”

“…Podemos observar que essas facetas se mos :am nos encontros com os pais: "Para cuidar de crianças doentes sugiro paciência, muita paciência". (1) "Sabe acredito muito na religião, não acho que alguém paga os pecados com a doença. Tenho fé que um dia não vai existir doenças, médicos e nem hospi tais".…”

“…"No início foi difícil fazer a criança tomar os remédios". (1) "A criança aceitou os remédios sem problemas". 4Em um determinado momento do tratamento a criança se defronta com a questão da aparên cia devido aos efeitos colaterais.…”

“…Nem em todas as falas dos pais essa questão é encarada como problema para seu filho : "A criança não gostou quando o cabelo caiu". (1) "No início quando ela ficou inchada, ficou com complexo". 7V ALLE6 em seu estudo com pais de crian ças com Câncer salienta que as conseqüências advindas do tratamento acarretam sofrimento para a criança e dispertam um olhar compreen sivo dos pais, quando procuram compartilhar com o filho o seu sofrimento.…”