Desde de 1985, ainda recém-doutorada, vi-me na situação de orientadora e, como tal, assumindo a responsabilidade de conduzir orientandos pelos caminhos da investigação fenomenológica.Dessa forma, houve momentos em que a minha trajetória acadêmica se fundia e, às vezes, se confundia com a trajetória dos orientandos e, só agora, decorridos aproximadamente sete anos, está se tornando mais claro para mim o significado dessa experiência. Senti, então, a necessidade de abordá-la por entender que pode se constituir em uma contribuição a
MARTINS, J.; BOEMER, M.R.; FERRAZ, CA.A fenomenología como alternativa metodológica para pesquisa: algumas considerações. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 24(1):139-147, abr. 1990.Os autores apresentam as idéias fundamentais da fenomenología enquanto uma epistemología voltada para as ciências humanas que se preocupa com o vivido dos sujeitos e empresa necessariamente a reflexão como urna forma de ver as coisas como elas se manifestam. Enquanto alternativa metodológica de pesquisa, a fenomenología busca a essência do fenômeno situado e para a análise de sua estrutura, o pesquisador obtém descrições dos sujeitos que estão experienciando a situação, buscando a formação de unidades significantes. A hermenêutica é uma forma de interpretação que requer a fundamentação de um referencial filosófico. UNITERMOS: Fenomenología. Pesquisa-métodos.A fenomenología como uma alternativa metodológica para pesquisa, contrapõe-se ao positivismo de Augusto Comte (1798-1857) para quem ciencia significa metodologia sistemática, limitada aos fatos -ocorrên-cias típicamente verificáveis e relações constantes entre os fatos, conforme refere CUPANI 4 . O conhecimento para o positivismo é definido em termos das realizações das ciencias e as idéias ou doutrinas não científicas (mitos, credos, sistemas metafísicos), são saberes ilusórios. Ciência é equivalente à verdade e o não científico em contraposição é entendido como não verdadeiro.Para Comte, lembra CUPANI4, ciência positiva é aquela que tem condições de se desenvolver através de método da observação controlada e, nessa abordagem não se pode fazer observação científica sem técnicas que mensurem, que controlem. No entender de Comte, quem realizava isso era a física-matemática que independe da linguagem de cada um; é uma linguagem matemática.
O trabalho se propõe a desvelar facetas do significado do aborto para a mulher que o vivencia. Para tanto, as autoras recorrem a Metodologia de Investigação Fenomenológica - que possibilita uma análise compreensiva dos depoimentos das mulheres que estão vivenciando essa situação. Foram coletados depoimentos de doze mulheres hospitalizadas, em situação de abortamento, mediante a questão norteadora: "O que está significando para você essa experiência? Você pode descrever para mim?" As convergências de suas falas foram analisadas e possibilitaram a construção de algumas categorias temáticas que sinalizam para a essência desse vivenciar e constituem-se em subsídios para nortear o planejamento de assistência à mulher de forma que a sua situacionalidade seja contemplada. Os resultados possibilitaram o desvelamento de facetas importantes, tais como tristeza, perda, dor fisiológica e existencial, solidão, uma hospitalização desconfortante, a culpa ou medo de ser culpada, a preocupação com o corpo e a intencionalidade de suas consciências começando a voltar-se para a importância dos métodos contraceptivos. Resulta também o desejo de rever seus projetos de vida.
INTRODUÇÃODurante meu percurso enquanto bolsista de Iniciação Científica realizei várias leituras básicas sobre o tema da morte e do morrer no contexto hospitalar e sobre a metodologia de investigação qualitativamodalidade fenomenológica, além das observações em estágios no hospital. Estas leituras mostraram-me que tem havido grandes transformações na forma dos homens entenderem e lidarem com a morte na sociedade ocidental 1,21,22,36 e o relevante para mim, nesse momento, foi compreender que, de um acontecimento esperado, natural, compartilhado, a morte passou a ser enfocada como um evento que ocorre, predominantemente, no contexto hospitalar, remetendo a um morrer solitário, institucionalizado. Pude correlacionar estas leituras com o meu próprio cotidiano de graduanda em enfermagem e, gradativamente, as cenas de reanimação cardíaca passaram a inquietar-me, particularmente no que tange às pessoas que integram a equipe de saúde e atuam em situações de reanimação cárdio-respiratória, lutando contra a morte. Na seqüência do curso de graduação, em estágios em um hospital universitário, tomei conhecimento que há uma equipe treinada que é acionada nos casos de parada cardíaca; o objetivo desta equipe é a reanimação de pacientes nesta situação. Recebe a designação informal de "Swat" e é mencionada no estudo de BOEMER 4 . Meu interesse foi se acentuando na tentativa de melhor entender a gênese, a configuração, os objetivos e as diretrizes dessa equipe. Passou a inquietar-me a forma como seus integrantes convivem cotidianamente com esta tarefa de lutar, de forma tão explícita, com a morte.A expressão "Swat negativo" é compreendida pelo pessoal de enfermagem com a mensagem implícita "não há mais nada a fazer", não acionar a equipe "Swat" caso o paciente "pare". A obra de ZIEGLER 36 refere-se a equipes desta natureza, ao abordar a questão dos "senhores da morte"; este autor menciona ainda a angústia dos médicos nestas situações. ARIÈS 1 discute a postura de uma equipe de reanimação, cuja atuação, às vezes, pode levar o paciente a viver em condição indigna, humilhante e vergonhosa, ficando o direito de decidir nas mãos dos médicos e da Rev. latino-am. enfermagem -Ribeirão Preto -v. 7 -n. 5 -p. 109-119 -dezembro 1999
Resumo: A compreensão do cuidar do filho com deficiência mental se faz relevante diante da importância das relações estabelecidas entre pais e filhos para a saúde mental da criança. Nesta investigação foi usado o referencial teórico-metodológico da fenomenologia, que se propõe a desocultar facetas de um fenô-meno que se encontram obscuras. Onze casais e duas mães com filhos com deficiência mental foram entrevistados, tendo-se a seguinte questão norteadora: "como vem sendo cuidar de seu filho?". Os relatos foram analisados segundo a busca das convergências e foi possível compreender que, para os pais investigados, há uma dificuldade de conceber o ser-com-deficiência, e o conhecimento experiencial é relevante para encontrar meios de favorecer o seu desenvolvimento; o apego ao filho é vivido como possibilidade de reconhecimento da diversidade humana. Os pais se mostraram participantes no cuidado, embora com atitudes ainda permeadas por concepções de que essa responsabilidade caberia à mãe. Palavras-chave: deficiência mental; pais; fenomenologia; cuidar THE BEING-WITH A MENTAL HANDICAPPED CHILD -UNCOVERED FACETS Abstract:To understand what it is to take care of a mentally handicapped child is very important when facing the relationship established among parents and children, concerning the children's mental health. This investigation was based on the phenomenological theoretical-methodological approach, which is proposed to uncover phenomenon aspects. Eleven couples and two mothers with children who have mental handicaps were interviewed, with the following question as a guideline: "How has it been to care of your child?" The reports were analyzed according to the search for convergence descriptions and it could be understood that, for the interviewed parents, there are difficulties when conceiving the possibility of being-with-deficiency and that the experimental knowledge is much important for the search of the children's development. Also, the attachment to the child is lived as a possibility to recognize the human diversity. Fathers showed they have been active on their care, though with attitudes still consolidated to misconceptions in which this is mother's responsibility.Key-words: mental handicap; parents; phenomenology; care 1 Artigo recebido para publicação em 08/04/03; aceito em 26/08/03. 2 Endereço para correspondência: Luciana Gomes Almeida de Souza, Rua Júlio de Souza, 220, Jardim Santa Helena, Mogi Mirim, SP, Cep 13806-034, E-mail: lugasouza@yahoo.com.br Diversos autores têm abordado a questão do nascimento de um bebê com deficiência e seu impacto para as famílias que o recebem. A chegada de uma criança diferente da esperada pode alterar o equilíbrio, afetando todos os membros da família. Sentimentos de choque, negação, raiva, tristeza e culpa freqüentemente aparecem, independente da gravidade do caso de deficiência e os pais sentem necessidade de buscar uma explicação para o acontecido como se fosse um castigo a eles destinado. Vencida a fase de impacto inicial, resta-lhes buscar o equilí-brio emocio...
RESUMO:O aumento no número de casos e tentativas de suicídio vem sendo alvo de grande preocupação, nas últimas décadas, em muitos países. Frente às minhas observações e à consulta à literatura, deparei-me com uma inquietação: Estarão os profissionais que cuidam de pessoas, com história de tentativa de suicídio, preparados para lidar com essa situação? O estudo foi conduzido sob o referencial da Metodologia de Investigação Fenomenológica, contando com a participação de profissionais médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem que atuam na
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