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A acolhida de Max Weber na sociologia brasileira não se fez sem problemas, recusas e disputas. Ao longo de 40 anos 1 , a escolha e apropriação de suas ideias ocorreram em função dos interesses de pesquisa dos especialistas brasileiros e nos limites de uma discussão metodológica, na qual os pressupostos da construção ideal típica weberiana foram recusados em favor de proposições classificatórias de caráter generalizante. Naquele período, destaca-se ainda a ausência de referências às proposições weberianas sobre o sentido da ciência nos acalorados debates que definiam o papel do sociólogo como cientista e homem de ação. Sem a pretensão de percorrer detalhadamente a recepção da obra de Max Weber nas primeiras décadas da institucionalização da sociologia, o presente texto aponta questões concernentes à contribuição de Max Weber à sociologia brasileira.Alguns estudiosos (Souza, 1999:17-54; Vianna, 1999:173-193; Schwartzman, 2003:207-213) escolheram obras paradigmáticas do pensamento social brasileiro para analisar a recepção de Max Weber, perscrutando livros como Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Hollanda, Os Donos do Poder (1958), de Raymundo Faoro, ou Bandeirantes e Pioneiros (1954), de Clodomir Viana Moog. O patrimonialismo, na acepção weberiana (Weber, 1985:580-624), e sua relação com o desenvolvimento da sociedade brasileira é questão destacada nesses estu-5 DADOS -Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 57, n o 1, 2014, pp. 5 a 33. A Recepção Controversa de Max Weber no Brasil (1940-1980)Glaucia Villas BôasDepartamento de Sociologia e Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.dos, que ressaltam o quanto a apropriação de Weber pode ser útil para o entendimento do "atraso" do país.Sigo aqui outro caminho: focalizo alguns problemas da recepção de Weber no processo de reconhecimento da sociologia enquanto disciplina acadêmica no Brasil, momento em que se define sua identidade cognitiva, social e histórica 2 . Este procedimento, inicial e provisório, permite, entretanto, mostrar que proposições centrais da sociologia weberiana, a exemplo da formulação dos tipos ideais e do sentido da ciên-cia, foram recebidas com muita parcimônia e reelaboradas à medida que o mestre alemão se distinguia de outros sociólogos, quer fossem alemães, franceses ou norte-americanos. Para tanto, 1) recupero os temas dos primeiros artigos sobre Max Weber publicados na revista Sociologia, nos anos de 1939 a 1955, quando foi editada pelo alemão Emílio Willems; 2) evoco as disputas sobre o papel do sociólogo no processo de mudanças sociais, nas quais sobressaem as proposições de Hans Freyer e Karl Mannheim em detrimento das posições de Max Weber; e, finalmente, 3) retomo aspectos de uma controvérsia sobre a recepção "equivocada" da sociologia weberiana, liderada por Maria Sylvia de Carvalho Franco, que envolve escritos de Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, publicados nas d...
A acolhida de Max Weber na sociologia brasileira não se fez sem problemas, recusas e disputas. Ao longo de 40 anos 1 , a escolha e apropriação de suas ideias ocorreram em função dos interesses de pesquisa dos especialistas brasileiros e nos limites de uma discussão metodológica, na qual os pressupostos da construção ideal típica weberiana foram recusados em favor de proposições classificatórias de caráter generalizante. Naquele período, destaca-se ainda a ausência de referências às proposições weberianas sobre o sentido da ciência nos acalorados debates que definiam o papel do sociólogo como cientista e homem de ação. Sem a pretensão de percorrer detalhadamente a recepção da obra de Max Weber nas primeiras décadas da institucionalização da sociologia, o presente texto aponta questões concernentes à contribuição de Max Weber à sociologia brasileira.Alguns estudiosos (Souza, 1999:17-54; Vianna, 1999:173-193; Schwartzman, 2003:207-213) escolheram obras paradigmáticas do pensamento social brasileiro para analisar a recepção de Max Weber, perscrutando livros como Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Hollanda, Os Donos do Poder (1958), de Raymundo Faoro, ou Bandeirantes e Pioneiros (1954), de Clodomir Viana Moog. O patrimonialismo, na acepção weberiana (Weber, 1985:580-624), e sua relação com o desenvolvimento da sociedade brasileira é questão destacada nesses estu-5 DADOS -Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 57, n o 1, 2014, pp. 5 a 33. A Recepção Controversa de Max Weber no Brasil (1940-1980)Glaucia Villas BôasDepartamento de Sociologia e Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.dos, que ressaltam o quanto a apropriação de Weber pode ser útil para o entendimento do "atraso" do país.Sigo aqui outro caminho: focalizo alguns problemas da recepção de Weber no processo de reconhecimento da sociologia enquanto disciplina acadêmica no Brasil, momento em que se define sua identidade cognitiva, social e histórica 2 . Este procedimento, inicial e provisório, permite, entretanto, mostrar que proposições centrais da sociologia weberiana, a exemplo da formulação dos tipos ideais e do sentido da ciên-cia, foram recebidas com muita parcimônia e reelaboradas à medida que o mestre alemão se distinguia de outros sociólogos, quer fossem alemães, franceses ou norte-americanos. Para tanto, 1) recupero os temas dos primeiros artigos sobre Max Weber publicados na revista Sociologia, nos anos de 1939 a 1955, quando foi editada pelo alemão Emílio Willems; 2) evoco as disputas sobre o papel do sociólogo no processo de mudanças sociais, nas quais sobressaem as proposições de Hans Freyer e Karl Mannheim em detrimento das posições de Max Weber; e, finalmente, 3) retomo aspectos de uma controvérsia sobre a recepção "equivocada" da sociologia weberiana, liderada por Maria Sylvia de Carvalho Franco, que envolve escritos de Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, publicados nas d...
El presente artículo tiene como objetivo, al construir un relato de la sociología simmeliana, mostrar su contribución original para la sociología reticular. El Análisis de Redes Sociales y la Teoría de las Redes se constituyen contemporáneamente en una rama importante de estudios en las ciencias sociales. Parte significativa de esta agenda de investigación fue trabajada por Simmel al inicio del siglo xx. Sus reflexiones se orientan principalmente a partir de la realidad del fin de siècle berlinense, en el agitado cotidiano de una metrópoli europea. Cuestiones colocadas por Simmel en su metodología de investigación social a partir de las formas y contenidos de los procesos de interacción social son estimulantes y nos ofrecen algunos indicadores preciosos de un camino metodológico para la comprensión de nuestra realidad contemporánea.
A graça da obra de Simmel está nos seus múltiplos temas. Inspirado pelas transformações da Berlim moderna, construiu uma trajetória intelectual que se deslocou entre diversos objetos e campos de análise, o dinheiro é um deles.
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