2021
DOI: 10.1590/3610600/2021
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A Guerra Como Modo De Governo Em Favelas Do Rio De Janeiro

Abstract: Resmo Minha intenção neste artigo é discutir como a guerra é um recurso político de governo da vida e da morte de determinadas populações na cidade do Rio de Janeiro. Nesse sentido, sugiro pensar as relações entre os diferentes aparatos estatais e os moradores de favelas cariocas a partir da “lógica da destruição”, na qual a guerra emerge como o modo mesmo de governar estas populações. As reflexões aqui apresentadas se sustentarão na análise da intervenção federal nas forças de segurança estaduais implementada… Show more

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“…Ao compreender as cidades a partir de formulações teórico-metodológicas atentas às conexões entre os movimentos de sujeitos e as circulações transnacionais, podemos retomar o histórico de constituição de regimes de colonialismo enquanto sistemas de escravidão definidos por controles coercitivos e violentos sobre corpos e (i)mobilidades racializadas (Sheller 2018 :121). Regido por fluxos transnacionais de capital e pelas mobilidades de políticas (Freitas 2018), o programa das Unidades de Polícia Pacificadora, além de não representar o rompimento de uma concepção de "guerra" estabelecida sobre uma "alteridade radical, territorializada e racializada" (Magalhães 2021), caracteriza mais uma etapa em uma tradição de políticas de segurança pública no Rio de Janeiro fundamentada sobre a produção de desigualdades por meio de dispositivos de gestão da ordem (Birman & Leite 2018). Deste modo, a morte da turista europeia baleada pelo "engano" de um agente policial da UPP -significativa sobre as "mobilidades turísticas" favorecidas pela "pacificação" de favelas do Rio de Janeiro durante o chamado "ciclo dos megaeventos" ) -atrai atenções por expressar o esgotamento de um projeto de cidade fundamentado sobre um discriminatório "direito de ir e vir" em favelas, e, ao mesmo tempo, indicar a continuidade de um histórico regime de mobilidades que reproduz desigualdades sobre determinados territórios e sujeitos.…”
Section: Considerações Finaisunclassified
“…Ao compreender as cidades a partir de formulações teórico-metodológicas atentas às conexões entre os movimentos de sujeitos e as circulações transnacionais, podemos retomar o histórico de constituição de regimes de colonialismo enquanto sistemas de escravidão definidos por controles coercitivos e violentos sobre corpos e (i)mobilidades racializadas (Sheller 2018 :121). Regido por fluxos transnacionais de capital e pelas mobilidades de políticas (Freitas 2018), o programa das Unidades de Polícia Pacificadora, além de não representar o rompimento de uma concepção de "guerra" estabelecida sobre uma "alteridade radical, territorializada e racializada" (Magalhães 2021), caracteriza mais uma etapa em uma tradição de políticas de segurança pública no Rio de Janeiro fundamentada sobre a produção de desigualdades por meio de dispositivos de gestão da ordem (Birman & Leite 2018). Deste modo, a morte da turista europeia baleada pelo "engano" de um agente policial da UPP -significativa sobre as "mobilidades turísticas" favorecidas pela "pacificação" de favelas do Rio de Janeiro durante o chamado "ciclo dos megaeventos" ) -atrai atenções por expressar o esgotamento de um projeto de cidade fundamentado sobre um discriminatório "direito de ir e vir" em favelas, e, ao mesmo tempo, indicar a continuidade de um histórico regime de mobilidades que reproduz desigualdades sobre determinados territórios e sujeitos.…”
Section: Considerações Finaisunclassified
“…A radicalização neoliberal foi consolidada no governo Bolsonaro com a combinação das reformas neoliberais de Paulo Guedes e a militarização da administração pública, além da presença importante de neopentecostais e militantes virtuais ligados ao movimento neoconservador internacional (Andrade, 2021;Cesarino, 2019;Leirner, 2020;Martins Filho, 2021;Rocha, J., 2021). Desde então, as práticas autoritárias se intensificaram no assédio aos funcionários públicos, na relação com manifestantes e adversários políticos e na política de segurança pública, que recrudesceu a violência policial nos bairros pobres como forma de gerir a desigualdade e a pobreza crescentes (Almeida, 2020;Magalhães, 2021).…”
Section: A Crise Da Fase Do Neoliberalismo Inclusivo Da Nova Repúblicaunclassified
“…A alegação era sua incapacidade de conter os confrontos com as facções criminosas e de estender o policiamento a toda comunidade. A partir da intervenção federal de 2018, migrou-se, sem qualquer disfarce, para o confronto militar aberto com o narcotráfico e para uma política de extermínio que bateu recordes históricos de letalidade policial em 2019, seguindo no mesmo rumo em 2020 (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2020a; Magalhães, 2021). A crise da segurança pública permitiu que fosse realizada, em nome da urgência, uma série de operações policiais de violência desproporcional que naturalizou a morte e abriu caminho para o controle ampliado de territórios, populações e mercados por milícias, que superaram em 2020 as zonas sob o jugo de facções do tráfico de drogas na cidade do Rio de Janeiro (Magalhães, 2021; Observatório das Metrópoles; Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, 2020).…”
Section: Radicalização Neoliberal E Militarização Da Adminis-tração Pública No Governo Bolsonarounclassified