2020
DOI: 10.1590/3510405/2020
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A Periferização Da Ciência E Os Elementos Do Regime De Administração Da Irrelevância

Abstract: Este artigo discute a constituição e reprodução de regimes de administração da irrelevância na ciência. Em contextos de produção científica considerados periféricos, o conhecimento produzido é diminuído a uma condição de inferioridade ante outros contextos. A prática cotidiana da ciência é orientada por valores e procedimentos, conscientes ou não, de periferização, processo científico com conteúdo valorativo e pragmático próprio, cujos elementos constituintes serão neste trabalho apresentados. Tais elementos f… Show more

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“…O processo de legitimação de hierarquias na ciência -que indicam o "Sul" e o "Norte", o "centro" e a "periferia" -sustenta -se, como dito acima, na prática que se orienta por expectativas hierárquicas generalizadas. Em contextos nos quais os trabalhadores do conhecimento atribuem -se a si mesmos uma condição de inferioridade, suas expectativas sobre o conhecimento, método e objeto que produzem se veem inferiorizados e periferizados, a despeito do que quer que façam: "a prática cotidiana da ciência nestes contextos é orientada por valores e procedimentos, conscientes ou não, de subalternização" (Neves, 2020). Ou seja, há uma tendência, subjetivamente orientada, que no Sul global os trabalhadores do conhecimento já partem de uma posição de inferioridade, porque, ao ter como referência outros contextosonde se formaram, periódicos nos quais os líderes de suas áreas de saber publicaram, congressos de grande circulação -, criam "dinâmicas atencionais" (Zerubavel, 2015) que organizam a lógica da relevância científica contra si.…”
Section: Revisões Críticasunclassified
“…O processo de legitimação de hierarquias na ciência -que indicam o "Sul" e o "Norte", o "centro" e a "periferia" -sustenta -se, como dito acima, na prática que se orienta por expectativas hierárquicas generalizadas. Em contextos nos quais os trabalhadores do conhecimento atribuem -se a si mesmos uma condição de inferioridade, suas expectativas sobre o conhecimento, método e objeto que produzem se veem inferiorizados e periferizados, a despeito do que quer que façam: "a prática cotidiana da ciência nestes contextos é orientada por valores e procedimentos, conscientes ou não, de subalternização" (Neves, 2020). Ou seja, há uma tendência, subjetivamente orientada, que no Sul global os trabalhadores do conhecimento já partem de uma posição de inferioridade, porque, ao ter como referência outros contextosonde se formaram, periódicos nos quais os líderes de suas áreas de saber publicaram, congressos de grande circulação -, criam "dinâmicas atencionais" (Zerubavel, 2015) que organizam a lógica da relevância científica contra si.…”
Section: Revisões Críticasunclassified
“…Nesse sentido, a noção elaborada nesse artigo pode ser conjugada à discussão de "processos de centralização e periferização", tal como proposto por Neves (2014;2017). O autor afirma que a distinção centroperiferia é recorrentemente utilizada por pesquisadores brasileiros como critério de observação, que organiza seus contextos, expectativas e práticas, sendo os processos de periferização aqueles em que se atribui um valor negativo ao que se faz e como se faz, o que conduz a expectativas de não reconhecimento, não publicação, e de circulação restrita dos conhecimentos produzidos (Neves, 2014;2017). Assim, é possível pensar a formulação em questão como outro elemento de um processo de periferização.…”
Section: Considerações Finaisunclassified
“…U ma literatura crescente (Alatas, 2003;Anderson, 2002;Burris, 2004;Ferreira, 2019;Neves, 2020) vem analisando os aspectos que implicam a diferenciação entre ciência do centro e da periferia. As mais recentes vão além da análise das questões macrossociológicas imbricadas na estrutura econômica desigual do sistema capitalista (Cepal e teorias da dependência, marxistas ou não), ressaltando também os recursos simbólicos que criam as dinâmicas de atenção e ignorância reforçadoras de hierarquias.…”
Section: Introductionunclassified
“…O que ocorre quando se nega o caráter local e contextual da ciência, como no caso da estrita adesão a agendas "globais", é gerar naqueles que apresentam inabilidade de reproduzi-las em nível de excelência e inovação comparáveis ao "centro", uma ordem científica autodepreciada, de baixa autoestima, periférica e estável, aqui denominada "regime de administração da irrelevância". Nas ciências naturais, isso aparece emaranhando aspectos cognitivos e materiais, de modo que as necessidades econômicas dos institutos, universidades e laboratórios de pesquisa passam a servir de critério qualitativo de conhecimento, sendo sinônimo para ciência ruim em oposição à ciência boa do centro (Neves, 2020). Mas, e para as ciências sociais, com suas especificidades epistemológicas e com a menor dependência da pesquisa em relação a recursos materiais e financeiros, existe essa dinâmica de autodepreciação?…”
Section: Introductionunclassified
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