“…Na ocasião, conforme narra Sales (2020), foram produzidos quatro documentários acerca do tema, sendo dois por agentes contrários ao direito ao aborto de feto anencéfalo e dois por grupos favoráveis a esse direito, que foram utilizados na audiência pública que discutiu o tema. Esses documentários foram importantes para marcar construções contrárias sobre quem seriam as "vítimas" de uma gravidez de feto anencéfalo (se a gestante ou o feto) através da mobilização de afetos e emoções (SALES, 2020). Seu uso nas audiências públicas evidencia como "a dimensão emocional adentra a esfera judiciária durante a cena da audiência, nas imagens e nas narrativas que compõem as falas dos expositores" (SALES, 2020, p. 3) e como a exposição dos afetos, por meio dos documentários, mas também de fotografias, cartas e relatos, constitui um importante dispositivo para a construção da figura da vítima, de sujeitos de direitos e também como estratégia para mobilização de públicos em defesa de cada um dos grupos (SALES, 2020, p. 13).…”